Internacional Resultado de referendo permite que Putin fique no poder até 2036

Resultado de referendo permite que Putin fique no poder até 2036

Números oficiais foram publicados nesta quinta-feira (2), após contagem de 100% das urnas, mas críticos falam em fraude em escala industrial

Reuters
Com mudança na Constituição russa, Putin poderá buscar mais duas reeleições

Com mudança na Constituição russa, Putin poderá buscar mais duas reeleições

Alexei Druzhinin / Kremlin - Pool via EPA - EFE / 26.3.2020

Os russos abriram caminho para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se manter no poder até 2036, votando majoritariamente a favor de mudanças constitucionais que lhe permitirão concorrer a presidente duas vezes. Os números oficiais foram publicados nesta quinta-feira (2), após a contagem de 100% das urnas, mas críticos disseram que o resultado foi falsificado em escala industrial.

O ex-agente do KGB, que comanda a Rússia há mais de duas décadas como presidente ou primeiro-ministro, venceu com facilidade a votação que lhe dá o direito de pleitear mais dois mandatos de seis anos quando o atual terminar em 2024. Isto significa que Putin, hoje com 67 anos, pode governar até os 83 anos.

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A Comissão Eleitoral Central disse que 77,9% dos votos contados no maior país do mundo apoiaram a alteração da Constituição. Só cerca de 21,2% votaram contra ela, segundo a entidade. O comparecimento foi de 65% do eleitorado.

Oposição russa fala em fraude

Ella Pamfilova, chefe da comissão, disse que a votação foi transparente e que as autoridades fizeram tudo para garantir sua integridade.

O opositor político Alexei Navalny tinha uma opinião diferente, e classificou o pleito como um espetáculo ilegítimo e ilegal concebido para legalizar uma presidência vitalícia para Putin.

"Jamais reconheceremos este resultado", disse Navalny a seus apoiadores em um vídeo.

Navalny disse que a oposição não protestará por ora devido à pandemia do novo coronavírus, mas que o fará com grandes números no outono se seus candidatos forem impedidos de participar de eleições regionais ou se seus resultados forem fraudados.

"O que Putin mais teme é a rua", disse Navalny. "Ele... não irá embora até começarmos a ir às ruas às centenas de milhares e aos milhões."

Votação estimulada por sorteios de prêmios

Os russos foram estimulados a apoiar a medida de empoderamento de Putin, descrita por críticos como um golpe constitucional, graças a sorteios de prêmios, como apartamentos, e uma campanha de anúncios ressaltando outras emendas constitucionais no mesmo pacote de reformas, como a proteção das pensões e uma proibição de fato ao casamento homossexual.

Pagamentos únicos equivalentes a US$ 141 (cerca de R$ 750) foram transferidos aos cidadãos com filhos por ordem de Putin enquanto as pessoas iam para as seções eleitorais na quarta-feira, o último dia da votação realizada ao longo de sete dias para tentar limitar a propagação do vírus.

"Não li as emendas, para ser sincera", disse a eleitora Lyudmila. "Que sentido faz votar, se já decidiram por você? É assim em nosso país – leia algo e vote. Eu votei."

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