Retrospectiva 2024: relembre os acontecimentos que viraram notícia no mundo
Eleições venezuelanas, atentado a Donald Trump nos EUA e acordo Mercosul-UE estão entre os principais fatos
Internacional|Giovana Cardoso e Rafaela Soares, do R7, em Brasília
Em 2024, o cenário internacional foi marcado por disputas comerciais, finalização de acordos históricos e reviravoltas em eleições. Entre mortes de líderes de grupos extremistas e atentado na campanha presidencial dos Estados Unidos, o R7 separou algumas das principais notícias do ano. Relembre:
Em um cenário de reviravoltas, a coligação dos partidos de esquerda conseguiram o maior número de cadeiras na Assembleia Nacional da França no segundo turno das eleições, que ocorreu em 7 de julho. O resultado foi visto com surpresa por integrantes de legendas da extrema-direita, que havia saído à frente no primeiro turno.
Apesar da vitória, o grupo de esquerda não conseguiu maioria para governar sozinha. Na época, com a situação, o primeiro-ministro Gabriel Attal pediu para sair do cargo, mas o presidente Emmanuel Macron recusou e pediu para ele aguardar até o fim dos Jogos Olímpicos.
Com 67% de participação nas urnas, o pleito registrou o maior número de comparecimento desde 1981. A partir do resultado, a Nova Frente Popular, da esquerda, teve 182 assentos. Na sequência, aparece a coalizão Juntos, do presidente Macron, com 168 cadeiras, e por fim, o partido de direita Reagrupamento Nacional, que ficou com 143.
Em sua 33ª edição, os Jogos Olímpicos deste ano tiveram como palco a cidade de Paris, na França. Desta vez, o maior evento esportivo do mundo contou com mais de 40 modalidades.
Estados Unidos, China e Japão se destacaram no pódio olímpico, conquistando 126, 91 e 45 medalhas, respectivamente. O Brasil, ocupou a 20ª posição, com 20 medalhas, sendo três de ouro.
Pela primeira vez em 100 anos de participação do Brasil no evento, a delegação brasileira teve mais mulheres do que homens. As atletas foram, ainda, responsáveis por 12 das 20 medalhas conquistadas.
Os eleitores venezuelanos foram às urnas em julho deste ano para escolher o novo presidente do país. Porém, o pleito foi marcado por falta de transparência e troca de acusações entre o ditador Nicolás Maduro e o candidato da oposição, Edmundo González. Ao todo, mais de 21,3 milhões de venezuelanos estavam aptos a votar, mas dos cerca de 4,5 milhões que vivem no exterior, apenas 69,1 mil foram autorizados a participar do pleito. No total, o número estimado de eleitores foi de 16,8 milhões.
O voto não é obrigatório e foi feito por meio de cédulas de papel. No dia seguinte à votação, o presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Elvis Amoroso, confirmou a vitória de Maduro, com 51,2% dos votos. A vitória foi contestada por González e pela comunidade internacional. O órgão é alinhado ao regime autoritário do ditador.
Um fato que chamou atenção foi que a cédula de votação continha 13 fotos de Maduro e apenas três imagens de seu rival. Além da quantidade muito maior de fotos de Maduro nas urnas, a posição das imagens também foi contestada: todas as fotos de Maduro estavam no topo da cédula eleitoral e dispostas consecutivamente. Por outro lado, as imagens de González estavam fora de ordem, nas segunda e terceira linhas. O eleitor, então, teria que assinalar uma das opções para confirmar seu voto.
Com a eleição, Maduro permanece no cargo por mais seis anos, até 2030.
Este ano, a comunidade internacional presenciou a escalada dos ataques de Israel contra o Hezbollah. As tensões começaram a subir após o grupo terrorista iniciar uma série de ataques contra Israel, desde o fim do ano passado, em apoio ao Hamas, que atua na Faixa de Gaza.
Em setembro, o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, foi morto após os bombardeios no Líbano, comandados por Israel. Muhammad Ali Ismail, responsável pela unidade de mísseis do grupo no sul do Líbano, também foi morto na operação.
Além da morte dos comandantes do Hezbollah, no mês seguinte, o exército israelense confirmou a morte do líder do grupo terrorista Hamas, Yahya Sinwar, em uma ação de rotina na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza.
O cantor Liam Payne, ex-integrante da banda britânica One Direction, morreu ao cair do terceiro andar da sacada de um hotel em Buenos Aires, na Argentina, no dia 16 de outubro.
Na ocasião, a polícia foi acionada para conter “um homem agressivo” que estaria sob o efeito de drogas ou álcool. Até o momento, cinco pessoas estão sendo investigadas pela morte do artista, entre elas funcionários do hotel e um amigo de Payne.
Segundo a Justiça argentina, o cantor, de 31 anos, havia consumido álcool, cocaína e um antidepressivo antes de morrer.
Quatro anos após deixar a Casa Branca, o empresário estadunidense Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos. No fim das apurações, o republicano somou 312 votos do Colégio Eleitoral contra 226 da adversária Kamala Harris.
Com a vitória, Trump prometeu uma agenda mais protecionista, focada em medidas sobre economia e impostos. O perdão aos manifestantes do 6 de janeiro de 2021 e a deportação de imigrantes ilegais também estão entre as pautas dele.
A corrida presidencial foi marcada por reviravoltas. No dia 13 de julho, quando ainda enfrentava o candidato Joe Biden, Trump sofreu um atentado a tiros durante um comício na Pensilvânia. Em meio à comoção com o ocorrido, o ex-presidente passou a ganhar destaque na corrida presidencial, influenciando, ainda, na pressão para que Joe Biden desistisse da eleição — o atual presidente abriu mão de concorrer à reeleição semanas após o episódio.
Em meio à pauta protecionista, o presidente eleito defendeu a aplicação de tarifas às importações de produtos chineses, e como retaliação a China também anunciou novos impostos aos americanos. A possível guerra comercial entre os países abre espaço para outros países, como o Brasil, por exemplo, que pode se beneficiar de uma aproximação com a China.
A Austrália se tornou o primeiro país a proibir a presença de menores de idade nas redes sociais. As empresas terão pelo menos 12 meses para se adaptar, caso contrário, poderão ser multadas em até R$ 190 milhões.
O principal objetivo é proteger os jovens dos riscos de exposição a conteúdos prejudiciais e da pressão psicológica gerada pelas plataformas digitais. A matéria foi aprovada em novembro deste ano. Com a nova legislação, as empresas que gerem as plataformas devem verificar a idade dos usuários antes de permitir o cadastro.
No Brasil, uma pesquisa mostrou que 83% das crianças e adolescentes que usam a internet têm algum perfil nas redes sociais. A maioria acessa a internet pelo celular, o que pode dificultar o monitoramento dos pais e ampliar os riscos de exposição para assédios ou outras práticas ilícitas.
Além disso, outro ponto abordado pelo estudo é que a maioria dos menores é capaz de acessar a internet sem o monitoramento dos pais. Cerca de 29% das crianças e dos adolescentes entrevistados relataram ter passado por experiências indesejadas na internet, mas apenas 8% dos pais souberam que fatos desse tipo tivessem acontecido.
Após 25 anos, líderes do Mercosul e União Europeia concluíram, em 6 de dezembro, as negociações do acordo entre os blocos. O tratado, que envolve a formação da maior área de livre comércio do mundo, busca, principalmente, diversificar as parcerias comerciais do Brasil e promover um maior fluxo de investimentos. A expectativa é que o acordo fomente o comércio, impulsione economias e alinhe padrões regulatórios entre os blocos.
O acordo estava enfrentando entraves por anos, principalmente no que dizia respeito aos desafios estruturais para tentar harmonizar interesses tão distintos. França e Polônia, por exemplo, estavam entre as nações que demostraram insatisfação com os termos sugeridos, fazendo com que a conclusão das negociações fosse adiada.
De maneira geral, o tratado propõe zerar as tarifas para 91% dos produtos exportados pelo Mercosul para a União Europeia e para 95% das exportações do bloco europeu para os sul-americanos. As mudanças seriam feitas ao longo de um período de transição, de 10 a 15 anos, a depender do setor. Também estão previstas a redução de tarifas alfandegárias e o aumento de exportações, especialmente no setor agrícola, no qual o Mercosul tem vantagens competitivas.
No início de dezembro, o grupo Hayat Tahrir al-Sham tomou a capital da Síria, Damasco, estabelecendo o fim do regime de Bashar al-Assad. O ex-ditador fugiu para Moscou, onde recebeu asilo político. Em uma entrevista em 17 de dezembro, ele fez seu primeiro discurso político e afirmou que jamais considerou a fuga uma renúncia ao cargo na Síria.
Além de montar o novo governo, os novos líderes enfrentam o desafio de tranquilizar a comunidade internacional. O grupo que assumiu o poder prometeu um Estado de direito, em que as decisões tomadas pelos governantes são limitadas pelas leis, e disse que não haverá vingança contra os últimos líderes, mas que as pessoas que cometeram crimes vão ser julgadas e punidas.
Um enviado da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Síria pediu ajuda humanitária ao país e reforçou o desejo de que o novo governo evite os erros de Bashar al-Assad.
A influência externa também será crucial no futuro da Síria, com destaque para os países vizinhos e das grandes potências. Estados árabes prometem trabalhar para garantir que a queda de Assad não desencadeie uma nova onda de agitação contra os governantes da região e um ressurgimento de grupos extremistas ou movimentos.
“Há muitos traumas na região. Boas notícias transformam-se em más notícias muito rapidamente”, disse Majed al-Ansari, conselheiro sênior do primeiro-ministro do Catar. “Não queremos que o que aconteceu em outras nações após a Primavera Árabe aconteça na Síria. Gostaríamos muito de ver uma transição para um Estado viável que dê apoio ao povo.”
O presidente da Argentina, Javier Milei, completou um ano no cargo em 10 de dezembro deste ano. O líder do país vizinho apresenta índices positivos de avaliação, mas enfrenta críticas sobre a crescente pobreza e diminuição do poder de compra. Milei avisou, ainda na campanha, que “o remédio seria amargo”, já que ele iria adotar uma política de choque com reduções drásticas nos gastos públicos. No aniversário de governo, a aprovação do atual governo era de 50%.
A professora de relações internacionais Regiane Bressan comentou as dificuldades do governo em lidar com a crise que atinge o país. Segundo ela, Milei está cumprindo algumas promessas de campanha, mas a pobreza permanece, e a situação da classe média, que contava com subsídios em setores como transporte, está cada vez mais difícil.
Sobre a pobreza, Milei atribuiu a responsabilidade ao governo anterior, que “emitiu dinheiro para pagar um déficit equivalente a 13 pontos do PIB”. ”Foi um desastre. Para mim é crime, mas não é classificado como tal. Emitir dinheiro deveria ser considerado crime porque é falsificação. Mas essa é uma discussão em outro nível”, afirmou. A entrevista foi dada em novembro deste ano.
Depois, avisou que faltavam produtos nos supermercados. “Você tinha os pesos, e falaram que você podia comprar a cesta básica, mas você ia ao supermercado, e a grande maioria dos produtos não estava lá. Havia um indicador de pobreza que já tinha problemas porque havia um atraso e os produtos simplesmente não existiam. A esses preços, não há produtos”.