Rússia defende anexações na ONU e diz que Ucrânia não possui legitimidade com população local
Segundo o embaixador russo Vasily Nebenzya, governo de Moscou tenta defender o povo que tem os direitos violados
Internacional|Do R7
A Rússia defendeu nesta segunda-feira (10) perante a Assembleia Geral da ONU as recentes anexações de territórios ucranianos e declarou que o governo da Ucrânia perdeu toda a legitimidade nessas áreas e entre os falantes de russo do país.
O embaixador russo nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, acusou duramente o projeto de resolução apresentado pela Ucrânia e aliados para condenar a realização de "referendos ilegais" em regiões ucranianas e declarar que as tentativas russas de anexar esses territórios "não têm validade sob o direito internacional".
O rascunho que começou a ser debatido oficialmente nesta segunda-feira na Assembleia Geral é semelhante ao que Moscou vetou recentemente no Conselho de Segurança e Nebenzya acusou o Ocidente de buscar uma "escalada" com esse movimento para que o conflito continue e a Rússia possa ser enfraquecida.
O embaixador russo reiterou que o país está atuando na Ucrânia em defesa de uma população cujos direitos estão sendo pisoteados e garantiu que os referendos foram realizados com todas as garantias.
Nebenzya alegou ainda que estes movimentos não violam o direito internacional, ao contrário do que afirmou, entre outros, o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O representante russo também acusou as potências ocidentais de duplo padrão por aceitar no passado a segregação de Kosovo e agora se opor à divisão das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson e a anexação à Rússia.
Além disso, Moscou pediu mais uma vez que a votação da resolução — que deve ocorrer no máximo até quarta-feira — seja secreta, mas a proposta foi novamente derrotada, como havia acontecido pouco antes.
Um pedido russo para que o texto seja votado diretamente nesta segunda-feira também não foi adiante, sem esperar a conclusão do debate anterior, que deve durar vários dias.
No último mês de março, a Assembleia Geral já havia aprovado por esmagadora maioria (141 votos a favor, 35 abstenções e 5 contra) uma resolução para condenar a invasão russa na Ucrânia e solicitar a retirada das tropas do país.