Rússia irá responder se EUA desenvolverem mísseis, diz Kremlin
Governo de Trump ameaçou deixar o tratado que exigia a eliminação de mísseis de curto e médio alcances pelos dois países, assinado na Guerra Fria
Internacional|Do R7
O Kremlin disse nesta segunda-feira (22) que a Rússia será forçada a responder na mesma medida se os Estados Unidos começarem a desenvolver novos mísseis depois de saírem de um histórico tratado contra armas nucleares da época Guerra Fria.
No sábado, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que Washington pode se retirar do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário porque a Rússia está violando o pacto, desencadeando um alerta de medidas retaliatórias de Moscou.
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O tratado, assinado pelo então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, e pelo ex-líder soviético Mikhail Gorbachev em 1987, exigia a eliminação de mísseis nucleares e convencionais de curto e médio alcances pelos dois países. O fim do pacto elevaria a possibilidade de uma nova corrida armamentista.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres nesta segunda-feira que a decisão dos Estados Unidos tornaria o mundo um lugar mais perigoso e forçaria a Rússia a agir para restaurar o equilíbrio do poderio militar, caso Washington começasse a desenvolver novos mísseis após sair do pacto.
"Essa é uma questão de segurança estratégica. Medidas do tipo podem tornar o mundo mais perigoso", disse Peskov sobre os planos dos EUA para sair do tratado.
O presidente russo, Vladimir Putin, já disse repetidamente que o fim do tratado forçaria a Rússia a tomar passos específicos para proteger sua própria segurança, segundo Peskov.
"Isso quer dizer que os Estados Unidos não estão disfarçando, mas estão abertamente começando a desenvolver esses sistemas no futuro e, se esses sistemas estão sendo desenvolvidos, então ações de outros países são necessárias, neste caso da Rússia, para restaurar o equilíbrio nesta esfera", disse Peskov.
Os Estados Unidos terão um período de seis meses para se retirar do tratado depois que Washington notificar oficialmente sua saída, disse Peskov, algo que ainda não fizeram.
Isso quer dizer que a possibilidade da Rússia desenvolver seus próprios mísseis de alcance intermediário — algo que Washington já acusa Moscou de fazer — não é "para hoje ou amanhã", acrescentou.