Rússia não vê necessidade de inquérito da ONU sobre ataques

Gás tóxico teria sido utilizado em Douma, durante ação atribuída ao governo do presidente da Síria Bashar al-Assad

17/04/2018 - 22h32 (Atualizado em 22/02/2024 - 03h56)

A Rússia disse ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas nesta terça-feira que não é preciso estabelecer um novo inquérito para determinar a culpa pelos ataques com armas químicas na Síria, porque os Estados Unidos e seus aliados já atuaram como juiz e executor.

O conselho de 15 membros se reuniu pela sexta vez nos últimos nove dias a respeito da Síria, num momento em que Rússia e potências ocidentais se confrontam devido a um suposto ataque com armas químicas em Douma que provocou ataques aéreos de Estados Unidos, França e Reino Unido.

Rússia pode ter manipulado local de ataque químico na Síria

A Rússia solicitou informações na terça-feira sobre a cidade de Raqqa, no norte da Síria, onde militantes do Daesh foram derrotados no ano passado por forças apoiadas pelos EUA, e o remoto campo de Rubkan para refugiados sírios perto da fronteira com a Jordânia e o Iraque.

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"A Rússia nos chamou aqui como parte de uma campanha de mensagens para tentar desviar a atenção das atrocidades cometidas pelo regime (do presidente sírio, Bashar al-Assad)", disse a vice-embaixadora dos EUA na ONU, Kelley Currie, ao conselho.

"Para fazer isso, a Rússia pediu a este conselho que concentre sua atenção na parte da Síria onde o regime de Assad não está atacando civis com bombas de barril ou armas químicas proibidas", afirmou ela.

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O Conselho de Segurança está em um impasse sobre como substituir uma investigação conjunta da ONU e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), que o conselho criou em 2015 para estabelecer a responsabilidade por ataques com gases tóxicos.

Essa investigação terminou em novembro, depois que a Rússia bloqueou três tentativas do Conselho de Segurança de renovar seu mandato, afirmando que a investigação conjunta é falha. O inquérito descobriu que o governo sírio usava o agente nervoso sarin e várias vezes usou cloro como arma. Também culpou o Daesh pelo uso de gás mostarda.

Em meio à crescente tensão com a Rússia, após ameaçar retaliar a Síria por suposto ataque químico, os Estados Unidos estão enviando uma força-tarefa para o Oriente Médio, em uma quantidade de equipamentos que está entre as maiores desde a invasão do Iraque, em 2003 (na foto o porta-aviões USS Harry S. Truman)

Trata-se de uma Armada bastante temível, com navios de guerra e submarinos, nos quais se incluem nove destróieres, com mísseis Tomahawk. Algo como a Invencível Armada, formada pelo rei Felipe II, da Espanha, para atacar a Inglaterra, em 1588. As informações são do Daily Mail (na foto o USS Farragut)

Eles irão escoltar o porta-aviões gigante movido a energia nuclear USS Harry S. Truman, transportando 90 aviões. O Truman será acompanhado ainda por dois submarinos (USS Geórgia e John Warner), e um míssil cruzador (USS Normandy) (na foto, o USS Porter e mísseis Tomahawk)

Os destróieres, da classe Arleigh Burke, como o USS Farragut, foram construídos executar uma ampla variedade de missões, incluindo ataques com mísseis, guerra anti-submarina, tarefas antiaéreas e guerra de superfície. Os destróieres que se destacam são USS Donald Cook, Porter, Carney, Laboon, Farragut, Forrest Sherman, Bulkeley e Arleigh Burke (na foto o USS Normandy)

Os dois submarinos são o USS Georgia, Ohio-class, com comprimento de 560 pés (170,6 m), velocidade de 29 m/h (46,6 km/h) e 155 tripulantes, e o USS John Warner, Virginia Class, com 377 pés (114,9 m), 29 m/h (46,6 km/h) e 132 tripulantes (na foto o USS Laboon)

Na última quarta-feira (11), quatro dias após os supostos ataques químicos, Trump avisou, pelo Twitter, que mísseis "bacanas, novos e inteligentes" estão chegando à Síria. A declaração causou estardalhaço (na foto o USS Georgia)

No dia seguinte, ele explicou sua frase, mostrando mais prudência:
— Eu nunca disse quando aconteceria um ataque na Síria. Pode ser em breve, ou não tão breve assim! De qualquer forma, os Estados Unidos, sob a minha administração, têm feito um grande trabalho em livrar a região do Estado Islâmico. Cadê o nosso 'Obrigado, América'?"

No Capitólio, James Mattis, secretário de Defesa, afirmou ao Comitê de Serviços Armados da Câmara que os EUA não chegaram a nenhuma conclusão a respeito da retaliação

E para esfriar um pouco a declaração de Trump, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, destacou, deixando claro que, por enquanto, o envio dos navios é uma precaução:
— Nenhuma decisão final foi tomada. Continuamos sendo inteligentes e estamos engajados em conversas com nossos parceiros e aliados
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Mas a realidade, por outro lado, também demonstra alguma intenção de se fortalecer na região. Não fosse assim, tal arsenal não seria enviado às proximidades do conflito, mostrando que parte do discurso de Trump faz sentido. Mísseis estão sendo enviados. Só não se sabe, até agora, se eles serão lançados

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