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Rússia usa mísseis hipersônicos na Ucrânia, enquanto Zelenski exige diálogo pela paz

Ministério da Defesa russo informa que usou armamento que 'desafia todos os sistemas de defesa antiaérea'

Internacional|Do R7

Ataques russos destruíram áreas residenciais e deixaram milhares sem estrutura mínima
Ataques russos destruíram áreas residenciais e deixaram milhares sem estrutura mínima

A Rússia intensificou, neste sábado (19), sua ofensiva na Ucrânia, anunciando o uso, pela primeira vez, de mísseis hipersônicos, enquanto o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, declarou que era hora de Moscou aceitar "conversar" seriamente sobre a paz.

O ministério da Defesa russo garantiu que no dia anterior havia usado mísseis hipersônicos Kinjal para destruir um depósito de armas subterrâneo no oeste da Ucrânia, algo sem precedentes, segundo a agência estatal Ria Novosti. Esse tipo de míssil desafia todos os sistemas de defesa antiaérea, segundo Moscou.

Os mísseis hipersônicos voam à velocidade Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som) e até superior a isso e podem mudar de rumo em pleno voo, dificultando sua detecção e interceptação.

A Rússia nunca havia informado sobre o uso desse míssil balístico em nenhum dos dois conflitos de que participa — Ucrânia e Síria.


O presidente Zelenski, por sua vez, considerou que "as negociações sobre paz e segurança na Ucrânia são a única oportunidade que a Rússia tem de minimizar os danos causados por seus próprios erros".

"É hora de nos encontrarmos. É hora de conversar. É hora de restaurar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia", reiterou o chefe de Estado em um vídeo filmado à noite em uma rua deserta de Kiev e postado no Facebook.


"Caso contrário, as perdas para a Rússia serão tais que ela levará várias gerações para se recuperar."

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, Kiev e Moscou realizaram várias rodadas de negociações, pessoalmente e por videoconferência. A quarta começou na segunda-feira (14).


O chefe da delegação russa falou, na noite desta sexta-feira (18), sobre uma "conciliação" de posições em relação à questão de um status neutro para a Ucrânia — semelhante ao da Suécia e da Áustria — e avanços na desmilitarização do país. No entanto, ele também disse que há "nuances" para discutir sobre as "garantias de segurança" exigidas pela Ucrânia.

Mas um membro da delegação ucraniana, o conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak, advertiu que as "declarações do lado russo são apenas o começo de suas exigências".

"Nossa posição não mudou: cessar-fogo, retirada das tropas [russas] e fortes garantias de segurança com fórmulas concretas", tuitou.

O inferno

No terreno, o ministério da Defesa russo afirmou que destruiu centros de rádio e inteligência perto de Odessa, em Velikodolinske e Veliki Dalnik.

A Ucrânia, por sua vez, admitiu neste sábado (19) que perdeu "temporariamente" o acesso ao mar de Azov, apesar de a Rússia controlar de fato toda a costa desde o início de março e o cerco da cidade portuária estratégica de Mariupol.

Além disso, o Exército russo afirmou nesta sexta que conseguiu entrar e lutar no centro da cidade ao lado de tropas da "república" separatista de Donetsk.

Segundo o assessor do Ministério do Interior ucraniano, Vadim Denisenko, citado pela agência Interfax-Ucrânia, a situação é "catastrófica" em Mariupol.

"A luta acontece pela Azovstal", uma grande siderúrgica nos arredores da cidade. "Uma das maiores siderúrgicas da Europa está sendo arruinada de fato", lamentou.

As autoridades ucranianas acusaram a Força Aérea russa de bombardear "deliberadamente" o teatro de Mariupol na quarta-feira (16), o que a Rússia negou. Em um abrigo antiaéreo sob este edifício havia "mais de 1.000" pessoas, principalmente "mulheres, crianças e idosos", segundo a prefeitura deste porto do mar de Azov.

Zelenski disse que mais de 130 sobreviventes foram retirados dos escombros. "Infelizmente, alguns sofreram ferimentos graves. Mas, neste momento, não temos informações sobre possíveis mortes", declarou, explicando que "as operações de resgate continuam".

As famílias que conseguiram fugir da cidade contaram que os cadáveres ficavam dias nas ruas e que à noite elas se refugiavam nos porões, com temperaturas abaixo de zero, fome e sede.

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