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Saiba como a Nasa se prepara para lidar com a morte no espaço

Agência desenvolve protocolos e equipamentos para preservar dignidade e investigar falecimentos em missões espaciais

Internacional|Do R7

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Astronauta da NASA Shane Kimbrough instala novos painéis solares na Estação Espacial Internacional, em junho de 2021 NASA

Embora nenhuma missão espacial tenha deixado restos mortais flutuando no espaço, a NASA já se prepara para o pior cenário: a morte de um astronauta em órbita ou em missões de longa duração. O protocolo principal envolve o uso do Human Remains Containment Unit (HRCU), uma espécie de “necrotério espacial” a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).



O HRCU é uma bolsa especialmente adaptada, com isolamento térmico, filtros de carvão para controlar odores e um revestimento absorvente, que permite a refrigeração do corpo para retardar a decomposição. O equipamento foi levado à ISS em 2012 e permite manter os restos humanos por até 72 horas enquanto a equipe decide os próximos passos.



Sem a presença de um médico legista no espaço, os astronautas são treinados para realizar uma coleta forense dos restos, fotografando o corpo e recolhendo amostras de sangue, cabelos, tecidos e fluidos, com acompanhamento remoto dos cirurgiões de voo da NASA.



Após a constatação do falecimento, a tripulação realiza uma cerimônia simples, como se fosse um velório, para permitir o luto coletivo. Os restos mortais são acondicionados em uma cadeira da nave para retorno à Terra, pois enterros tradicionais, como o lançamento no espaço ou sepultamento lunar, são evitados devido a possíveis encontros futuros com os corpos. No entanto, em missões mais distantes, cenários semelhantes a funerais espaciais fictícios, como o do personagem Spock em “Jornada nas Estrelas II”, podem se tornar realidade.



A preocupação da NASA vai além da dignidade e do psicológico da tripulação: a morte no espaço é um dado científico importante para entender as causas do óbito e evitar futuras tragédias. Contudo, o desconhecimento sobre a decomposição em microgravidade ou em ambientes lunares dificulta a previsão do comportamento dos corpos no espaço.


As missões se estendem e o perfil dos astronautas envelhece, elevando a probabilidade de óbitos naturais fora da Terra. Para isso, a NASA tem renovado suas seleções para incluir membros mais jovens, aptos a suportar jornadas prolongadas.


Além disso, a agência prepara protocolos para casos de morte durante atividades extraveiculares ou em outros corpos celestes, utilizando capas espaciais especiais para transporte e preservação dos restos, além de considerar a questão legal sobre jurisdição e posse dos corpos em missões internacionais ou comerciais.


Acordos internacionais, como os Artemis Accords, tentam estabelecer normas para o comportamento no espaço, mas ainda deixam em aberto muitas questões delicadas, como investigações em caso de suspeita de homicídio. A ausência de regulamentação específica reflete o desafio de lidar com a mortalidade em ambientes inéditos para a humanidade.


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