‘Se agarrem à fé’, diz ex-mineiro chileno sobre meninos na Tailândia
Claudio Acuña Cortes passou mais de dois meses preso após desmoronamento em uma mina na região norte do Chile, em 2010
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
"Estamos todos, no mundo inteiro, acompanhando a sua situação. Eu desejo muitas bênçãos e que consigam sair logo. Sejam fortes e se agarrem à sua fé." É esta a mensagem de incentivo do ex-mineiro chileno Claudio Acuña Cortes aos meninos que se encontram presos em uma caverna inundada na Tailândia desde o dia 23 de junho.
Em 2010, Cortes e outros 33 trabalhadores passaram mais de dois meses soterrados a 700 m de profundidade após um desmoronamento da mina San José, na região norte do Chile.
Enquanto o grupo de adolescentes tailandeses com idades entre 11 e 16 anos e seu técnico de futebol foram localizados dez dias depois de seu desaparecimento, os mineiros chilenos tiveram de esperar quase três semanas até que os socorristas os encontrassem.
"Eu pensava muito em meu filho, em minha família. Tinha medo de não poder mais vê-los. Há um momento desesperador em que você se dá conta de que não tem notícia de nada, não pode saber o que acontece lá fora, não tem ideia se alguém vai te achar... Tudo isso é muito angustiante", relata Cortes em entrevista ao R7.
Mesmo depois que os mineiros conseguiram enviar uma mensagem às equipes de resgate — com os dizeres "estamos bem no refúgio, os 33" —, a agonia de Cortes e seus colegas não passou. "Tive medo que não pudessem nos tirar de lá", diz o chileno.
Uma grande rocha obstruía o caminho para fora e os socorristas tiveram de perfurar um poço para a passagem de água e comida aos trabalhadores. Em algumas semanas, o mesmo buraco foi alargado para abrigar a cápsula Fenix II — responsável por transportar os mineiros até a superfície.
Claudio tinha 35 anos à época do caso — que ficou conhecido como o acidente na mina San José — e foi o 26º trabalhador a ser tirado de baixo da terra, às 18h51 do dia 13 de outubro.
"Assim que saí pensei em minha família. Minha família foi sempre o meu primeiro pensamento. E pensei também em Deus, em agradecê-lo por ter sido resgatado."
'A dificuldade deles é maior'
Na opinião do ex-mineiro — que hoje trabalha no ramo da agricultura e vive na comuna de Ovalle, na região de Coquimbo, ao norte do Chile —, a situação dos garotos tailandeses é mais delicada que a dos trabalhadores chilenos. "Eu acho que a dificuldade deles é maior que a nossa porque são apenas meninos. Talvez eles não tenham ainda tanta maturidade para lidar com esse tipo de situação."
Mergulhadores, médicos e membros das forças especiais da Marinha da Tailândia estão com o grupo de jovens tailandeses fornecendo remédios e alimentos enquanto especialistas avaliam as condições para retirá-los da caverna inundada com segurança. Todos os acessos ao local estão cheios de água e os meninos podem precisar aprender a mergulhar ou ter de esperar meses até que as cheias retrocedam.
Mensagem em vídeo
Outro dos 33 mineiros resgatados no Chile, Mario Sepúlveda, enviou uma mensagem de força em vídeo aos garotos, suas famílias e as autoridades tailandesas.
"Não tenho dúvidas de que se o governo deste país colocar todos os seus esforços, este resgate terá êxito. Estamos orando, à distância, por cada um de vocês", declara.
Assista abaixo.