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Secretário de Estado americano inicia rara visita a Pequim, com vistas a reduzir tensões bilaterais

Antony Blinken é o primeiro alto diplomata americano a visitar o gigante asiático em quase cinco anos

Internacional|Do R7

Antony Blinken (à esq.) caminha com o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang
Antony Blinken (à esq.) caminha com o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou à China neste domingo (noite de sábado, 17, no Brasil), na viagem de mais elevado nível de um alto funcionário americano em quase cinco anos, em um momento em que as duas potências rivais visam reduzir as tensões.

Nenhuma das partes espera grandes avanços na visita de dois dias de Blinken, enquanto as duas maiores economias do mundo mantêm desavenças em uma série de temas, como comércio, tecnologia e segurança regional.

Mas ambos os países têm manifestado de forma crescente o interesse em buscar maior estabilidade e veem uma estreita janela para isso antes das eleições presidenciais no próximo ano nos Estados Unidos e em Taiwan, a democracia autônoma que Pequim não descarta tomar à força.

Viagem adiada

Em um sinal da fragilidade desse esforço, Blinken tinha previsto fazer esta viagem há quatro meses, como resultado de uma cúpula cordial entre os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, em novembro, em Bali.


Mas Blinken adiou abruptamente a viagem depois que os Estados Unidos informaram ter detectado um balão espião chinês sobrevoando o território americano, levando a apelos furiosos por uma resposta de parte de uma linha dura em Washington.

Em discurso na capital americana antes de viajar, Blinken disse que buscaria "gerir responsavelmente nossa relação", encontrando vias para evitar "erros de cálculo" entre os dois países.


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"A competição intensa requer uma diplomacia sustentada para assegurar que a concorrência não resulte em confronto ou conflito", disse ele.

Blinken falava ao lado da ministra singapurense das Relações Exteriores, Vivian Balakrishnan. Segundo ela, para a região é importante que os Estados Unidos se mantenham como uma potência e que também encontrem formas de coexistir com uma China em ascensão.

A viagem de Blinken "é essencial, mas não suficiente", disse Balakrishnan.

"Há diferenças fundamentais de perspectiva, de valores. E é preciso tempo para estabelecer um respeito mútuo e para construir uma confiança estratégica", acrescentou.

Mantendo os aliados por perto

Como parte da abordagem do governo Biden de manter os aliados perto, Blinken falou por telefone com suas contrapartes do Japão e da Coreia do Sul durante as 20 horas de sua viagem transpacífica.

O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, viajou separadamente para Tóquio para três dias de reuniões que envolvem Japão, Coreia do Sul e Filipinas.

Nos últimos meses, os Estados Unidos alcançaram acordos sobre a mobilização de tropas para o sul do Japão e o norte das Filipinas, ambos estrategicamente próximos de Taiwan.

Em agosto passado, Pequim realizou os maiores exercícios militares no entorno de Taiwan, considerados treino para uma invasão, depois que a então presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, visitou a ilha.

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Em abril, a China iniciou três dias de jogos de guerra depois que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, visitou os Estados Unidos e se reuniu com o atual presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy.

Antes da visita de Blinken, o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse que os Estados Unidos precisam "respeitar as preocupações centrais da China" e trabalhar juntamente com Pequim.

"Os Estados Unidos precisam desistir da ilusão de lidar com a China 'a partir de uma posição de força'. A China e os Estados Unidos precisam desenvolver relações com base no respeito mútuo e na igualdade, respeitando suas diferenças históricas, culturais, de sistema social e trajetória de desenvolvimento", afirmou, em menção às críticas frequentes dos EUA ao histórico de direitos humanos na China.

Blinken é o primeiro alto diplomata americano a visitar o gigante asiático desde uma breve escala, em 2018, de seu antecessor, Mike Pompeo, que depois defendeu um confronto total com a China nos últimos anos da Presidência de Donald Trump.

Na prática, o governo Biden manteve a linha dura adotada por Trump e foi além em algumas áreas, inclusive trabalhando para banir as exportações para a China de semicondutores de ponta com usos militares.

Tensões e cooperação

Mas, ao contrário de seu antecessor, que é novamente candidato à Presidência, o governo Biden tem dito que deseja trabalhar com a China em áreas delimitadas de cooperação, como o clima, enquanto Pequim sofre com temperaturas recordes para meados de junho.

Danny Russel, que foi o mais alto diplomata para o Extremo Oriente durante o segundo mandato de Barack Obama, disse que cada lado tem suas prioridades. A China busca evitar restrições adicionais dos Estados Unidos à tecnologia e seu apoio a Taiwan, enquanto os Estados Unidos desejam evitar um incidente que possa levar a um confronto militar.

"A breve visita de Blinken não traz solução para nenhuma das grandes questões nas relações entre EUA e China ou até mesmo das pequenas. Nenhum dos dois países vai deter o outro de continuar com sua agenda competitiva", disse Russel, agora vice-presidente do Asia Society Policy Institute, uma organização global sem fins lucrativos.

"Mas sua visita pode reiniciar o necessário diálogo cara a cara e enviar um sinal de que os dois países estão se movendo de uma retórica furiosa na imprensa para discussões sóbrias a portas fechadas", acrescentou.

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