Resumindo a Notícia
- Os EUA detectaram um suposto balão espião chinês em seu espaço aéreo
- O secretário de Estado americano adiou a visita que faria a Pequim após o caso
- A China argumenta que o balão é um equipamento meteorológico, e não militar
- O objeto sobrevoou o estado de Montana, que abriga instalações de mísseis nucleares
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken
Stefani Reynolds / POOL / AFPO secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, adiou nesta sexta-feira (3) uma visita a Pequim, após a detecção de um suposto balão espião chinês no espaço aéreo dos Estados Unidos, mesmo depois de as autoridades chinesas terem "lamentado" a intrusão, segundo elas, "involuntária".
"Há um balão de vigilância chinês que atualmente sobrevoa os Estados Unidos a grande altitude. Esta é uma clara e inaceitável violação da soberania americana", disse um funcionário do Departamento de Estado que pediu anonimato.
Por isso, a visita de Blinken a Pequim, com previsão para domingo (5) e segunda-feira (6), "foi adiada" e será reprogramada quando "as condições forem adequadas", acrescentou.
Mas o funcionário "confia" na capacidade dos Estados Unidos de manter o diálogo com a China.
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Washington garantiu ontem que não havia a menor dúvida sobre a origem desse grande aeróstato que voava a grande altitude, nem sobre o fato de ele que seria utilizado com fins de "vigilância".
Inicialmente, o governo chinês pediu que não houvesse exageros sobre o assunto, mas acabou reconhecendo que efetivamente se trata de um aparato procedente da China.
"Trata-se de uma aeronave civil utilizada para fins científicos, principalmente meteorológicos", declarou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês em um comunicado.
Por causa do vento, o balão "desviou sua trajetória", disse, e acrescentou que seu país "lamenta" que o mesmo tivesse ingressado no espaço aéreo dos Estados Unidos por "uma força maior".
Atualmente, o balão está "a uma altitude muito acima da do tráfego aéreo comercial" e "não representa uma ameaça militar nem física às pessoas em terra", afirmou na quinta-feira (2) o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, em um comunicado.
Segundo a imprensa americana, o balão sobrevoou as ilhas Aleutas, no norte do oceano Pacífico, e o Canadá, antes de entrar no espaço aéreo dos Estados Unidos, há vários dias.
Concretamente, o aeróstato sobrevoou o estado de Montana, que abriga instalações de mísseis nucleares, onde foram mobilizados aviões de combate que se aproximaram delas, informou um funcionário do Pentágono que pediu anonimato.
Segundo essa fonte, decidiu-se por não derrubar o balão devido aos riscos que os possíveis destroços representariam às pessoas em terra. Além disso, o Pentágono considerou "limitada" a capacidade do objeto de coletar informações.
O governo canadense acrescentou hoje que investiga um "segundo incidente potencial".
"O Canadá está tomando medidas para garantir a segurança de seu espaço aéreo, incluindo o monitoramento de um possível segundo incidente", informou o Ministério da Defesa canadense em um comunicado, sem entrar em detalhes.
Esta não é a primeira vez que o Exército americano registra uma intrusão desse tipo, mas, nesta ocasião, o objeto permaneceu mais tempo no espaço aéreo dos Estados Unidos.
O incidente desencadeou fortes reações entre os políticos americanos.
"Esta violação da soberania americana, poucos dias antes da visita do secretário de Estado Blinken à China, mostra que os sinais recentes de abertura" por parte das autoridades chinesas "não refletem uma mudança real de política", comentaram Mike Gallagher e Raja Krishnamoorthi, respectivamente líder republicano e democrata de um comitê parlamentar sobre a China.
"Derrubem este balão!", pediu o ex-presidente republicano Donald Trump em sua rede social, a Truth Social.
A visita de Blinken à China seria a primeira de um secretário de Estado americano desde outubro de 2018, no momento em que os dois países tentam evitar que as tensões entre ambos levem a um conflito aberto.
Entre os muitos temas polêmicos se destaca Taiwan, que a China considera parte de seu território, e as atividades de Pequim no mar do sul da China.