Sede do Mundial, Qatar tenta reverter estigma de apoio ao terror
Fla estreará no próximo dia 17, pelas semifinais do Mundial Interclubes, que se inicia nesta quarta-feira (11), em um país marcado por contradições
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7
Rico em petróleo e gás natural, o Qatar é uma ditadura, em forma de monarquia, governada desde 1825 pela família Al Thani, quando a dinastia, chamada Casa de Thani, foi implementada. Não há nem eleições parlamentares no país.
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A rigidez política contrasta com uma abertura econômica que levou o país a buscar aliados comerciais e diplomáticos pelo mundo, e o fez ser considerado por muitos o novo "Coração do Oriente Médio".
O crescimento econômico e o potencial para a atração de investimentos ajudaram a aumentar as hostilidades com a Arábia Saudita que, segundo governantes locais, sempre teve interesse em dominar a região e manter um entreposto comercial próximo.
O futebol, em meio a esses conflitos, se tornou um cartão de visitas do Qatar, cujo PIB de 167,6 bilhões de dólares (2017) possibilita uma renda per capita de 67.500 dólares por ano, segundo o Banco Mundial. Mais de 60% do PIB depende das exportações de petróleo.
O xeque Tamim bin Hamad Al-Thani é o chefe do fundo de riqueza soberana QIA (Qatar Investment Authority), que tem expandido negócios pelo mundo.
Um deles foi a compra do clube francês Paris Saint-Germain, em 2011, por meio do QSI (Qatar Sports Investments), fundo de investimentos da QIA, presidido por Nasser Al-Ghanim Khelaifi.
O Flamengo, portanto, entrará em campo, no próximo dia 17, em Doha, pelas semifinais do Mundial Interclubes, que se inicia nesta quarta-feira (11) em um país marcado por contradições.
Ao mesmo tempo que deseja ampliar as relações internacionais, o governo local é acusado por vizinhos de apoiar ações terroristas e, mesmo com maioria sunita, manter laços com o Irã, majoritariamente xiita.
Aliança saudita
Neste contexto, os sauditas comandaram um eixo de países da região, composto por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes, Egito, Iêmen (em guerra interna), Líbia e Ilhas Maldivas, que, em 5 de junho de 2017, romperam relações com o Qatar e bloquearam voos destinados ao país.
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A acusação, alimentada pela rivalidade saudita em relação aos interesses políticos cataris, era de que o país criava instabilidade na região ao, supostamente, apoiar grupos radicais como o Daesh e a Al-Qaeda. O governo do Qatar nega a acusação.
Os Estados Unidos, aliados da Arábia Saudita, procuraram não interferir na questão. A maior instalação militar americana no Oriente Médio - a base Al Udeid - está localizada no Qatar.
E existe, formalmente, uma cooperação antiterrorismo com o país. No início de novembro, ocorreu, no Departamento de Estado dos EUA, um evento bilateral denominado o terceiro Diálogo de Contraterrorismo EUA-Qatar.
Há uma desconfiança, no entanto, de que nos bastidores o país busque uma aliança com o Irã, principal rival do governo saudita na região.
Em novembro, um relatório da inteligência ocidental, afirmou que o regime do Qatar teve conhecimento prévio de ataques, supostamente do Irã, a quatro navios no Golfo de Omã, em maio último, e não alertou os EUA, a França e o Reino Unido, o que deixou o governo de Trump com um pé atrás.
Os EUA têm uma base militar nos Emirados Árabes Unidos e sua maior instalação militar no Oriente Médio - a base militar Al Udeid - está localizada no Qatar.
Gastos astronômicos
Na construção de estádios, infraestrutura, e uma nova cidade Lusail, que receberá a final da próxima Copa do Mundo, o Qatar gastará cerca de US$ 200 bilhões (R$ 829,6 bilhões). O custo da Copa de 2014 no Brasil foi de cerca de US$ 6,7 bilhões (R$ 27,8 bilhões), e a da Rússa, em 2018, de US$ 9 bilhões (R$ 37,3 bilhões), na cotação de 2019.
A disputa do Mundial Interclubes de 2019 é uma espécie de prévia para a Copa do Mundo de 2022. Na preparação, o país recebeu críticas de que, para acelerar as monumentais obras arquitetônicas, está explorando trabalhadores migrantes vindos das partes mais pobres do mundo (de países como Índia, Bangladesh, Nepal, Sri-Lanka, Filipinas, Paquistão) e os faz realizar um trabalho análogo ao escravo.
Em outubro de 2019, o governo local afirmou que irá acabar com o kafala, sistema de trabalho análogo à escravidão, de acordo com a International Labour Organization (Organização Internacional de Trabalho, em inglês) e irá introduzir um salário mínimo, em mais uma tentativa de melhorar a imagem perante o mundo.
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