Segundo dia de greve de ferroviários provoca caos em Paris e arredores
Paralisação é promovida por sindicatos contrários à reforma na operadora de trens proposta pelo presidente Emmanuel Macron
Internacional|Do R7
Com os ferroviários em greve, milhões de usuários franceses dos transportes intermunicipais enfrentaram um segundo dia consecutivo de caos nesta quarta-feira (4). Os trabalhadores do setor de transporte paralisaram as atividades ontem, tentando pressionar o governo do presidente Emmanuel Macron a voltar atrás na reforma da operadora estatal de trens SNCF.
Passageiros de Paris e arredores se espremeram nos poucos trens em funcionamento durante o horário de pico enquanto muitas plataformas das estações mais movimentadas da capital francesa permaneciam vazias.
Mudanças na operadora estatal
Macron, um ex-banqueiro de investimento, estabeleceu um prazo para a finalização da reforma até o verão europeu.
Macron diz querer transformar a estatal em um serviço público lucrativo capaz de suportar a concorrência estrangeira quando seu monopólio terminar em 2020, em linha com as leis da União Europeia. Segundo o governo, a SNCF está altamente endividada e perde cerca de US$ 3,7 milhões por ano.
Os sindicatos rejeitam os planos para acabar com os privilégios especiais dos ferroviários, como empregos vitalícios e aposentadorias antecipadas, e se queixam de que o governo está abrindo caminho para a privatização da SNCF.
"Não entendo a greve. Alguns dizem que queremos acabar com os serviços públicos, e isso está simplesmente errado", disse Julien Denormandie, secretário do governo Macron, à BFM TV.
Disputas entre Macron e sindicatos
Ao enfrentar os sindicatos de ferroviários, Macron está trilhando um caminho no qual ex-presidentes fracassaram ou que evitaram, determinado a consolidar sua imagem de destemido e incansável modernizador da economia francesa.
O desfecho da batalha pode definir sua Presidência — os sindicatos já estão abalados com seu sucesso na liberalização das regras trabalhistas no outono passado e precisam de uma vitória.
Outros movimentos de protesto também estão emergindo, já que universitários, servidores públicos, coletores de lixo e pensionistas estão revoltados com a agenda de reformas sociais e econômicas de Macron.
Mas até agora eles deram poucos sinais de que se aglutinarão em um movimento único mais poderoso, e enquanto isso a França se prepara para comemorar o 50o aniversário da revolta anti-establishment de maio de 1968 que transformou a nação.