'Sei que não foi o último atentado', diz sobrevivente do 11 de Setembro
Brasileiro que estava no 25º andar do World Trade Center e ainda mora em Nova York conta que, 17 anos depois, país vive em estado de alerta
Internacional|Carolina Vilela, do R7*
O brasileiro Larry Faria Jr. sobreviveu aos ataques do 11 de Setembro e, 17 anos depois, ainda vive nos EUA com uma certeza: "não foi o último atentado".
Quase duas décadas depois dos ataques terroristas que marcaram a história mundial, os americanos e os imigrantes vivendo nos EUA sentem que devem estar sempre em alerta e se manifestar a qualquer atividade considerada suspeita.
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Ser um sobrevivente de ataque que deixou quase 3 mil mortos, para Larry, significa não se entregar e manter a memória dos acontecimentos para as novas gerações. "Não é um ato terrorista que vai desmanchar o país", diz o brasileiro, que trabalha em Nova York 20 anos.
Em entrevista ao R7, o economista de 60 anos conta que pensou em escrever um livro sobre sua experiência, mas chegou à conclusão que o texto seria irrelevante diante da grandeza do acontecido.
As tantas teorias da conspiração criadas em torno do atentado também fizeram com que ele desistisse da ideia. "Não quis fazer parte disso", diz Larry.
Por dentro das Torres Gêmeas
O economista trabalhava no 25º andar na primeira das Torres Gêmeas que foi atingida por avião sequestrado por terroristas da Al-Qaeda e achou que o prédio fosse desabar naquele momento.
No primeiro momento, Larry achou que tinha sido uma bomba, mas não pensou no tamanho da explosão. Seu chefe na época, no entanto, já tinha certeza que se tratava de um grande atentado terrorista.
"Alguns anos antes, houve uma tentativa de atentado com uma bomba em um caminhão na garagem de um dos prédios e muitas das pessoas que estavam no World Trade Center tinham vivido aquele momento. Então, se eu falar que as pessoas não pensaram que era um atentado, vou estar mentindo."
Foi em uma ligação de um cliente, quando ele estava se dirigindo para as escadas de incêndio, que soube que na verdade se tratava de um avião que havia batido no prédio.
Zona de guerra
Ao descer as escadas da Torre Norte do World Trade Center, Larry afirmou que ninguém falou com ninguém. Um bombeiro disse a ele para descer com calma e que a situação no térreo estava tranquila.
Apesar disso, ele afirmou que o primeiro andar do edifício parecia uma zona de guerra. "O gesso do teto tinha desabado. Dava para ver os fios de eletricidade e tinha um buraco no chão porque o elevador desabou", descreve.
O economista só ficou sabendo que a segunda torre havia sido atingida quando saiu do prédio. "Eu não tinha ideia de que tinha outro avião."
Larry contou que viu a primeira torre desabar as 9h59 daquela terça-feira. "Foi o momento em que eu senti mais medo", relata.
Ele conta que tinha amigos que trabalhavam na segunda torre e quando ele viu ela cair teve certeza que seus amigos haviam morrido. "Quando as duas torres caíram, eu sabia que o pior tinha acontecido."
‘Parece que foi ontem’
Larry disse que não guarda nenhum trauma dos acontecimentos de 11 de setembro de 2011, mas admite que, no dia seguinte, quis deixar a cidade. Até hoje, ele não gosta de estar na cidade nesta época do ano e procura tirar férias.
Trabalhando em um local próximo ao World Trade Center, Larry passa com frequência pelo local. Ele diz que caminha sem receio, mas admite "um sentimento ruim". "Dá uma tristeza lembrar quantas pessoas morreram naquele lugar", conta.
O impacto dos aviões nas Torres Gêmeas entrou para a história e uma geração inteira já não é testemunha do que aconteceu naquele 11 de setembro. Mas para Larry, 17 anos não são tanto tempo. "Parece que foi ontem."
*Estagiária do R7 sob supervisão de Cristina Charão