Seita no Quênia: chega a 360 o número de mortos por jejum
Ao menos 37 suspeitos foram presos até agora; polícia iniciou mais uma nova fase de exumações e abertura de sepulturas
Internacional|Do R7
O número de membros de uma seita mortos no sul do Quênia após serem persuadidos a jejuar e assim encontrar Jesus Cristo subiu para 360, depois da descoberta na terça-feira (11) de mais dez corpos, informaram as autoridades.
De acordo com relatos da imprensa local na noite de ontem, a comissária regional de polícia da costa queniana, Rhoda Onyancha, confirmou que 95 pessoas foram resgatadas com vida, enquanto 613 pessoas foram dadas como desaparecidas até agora.
Após o início na última segunda-feira (10) da quarta fase de exumações e abertura das valas comuns e sepulturas encontradas na floresta de Shakahola, no condado de Kilifi, o ministro do Interior queniano, Kithure Kindiki, depôs ontem perante uma comissão criada no Senado para investigar o caso.
Em sua fala, Kindiki culpou as forças de segurança e a Justiça do Quênia por negligência, por não terem tomado as medidas adequadas em resposta às queixas anteriores contra o suposto líder da seita, o pastor Paul Mackenzie.
“Acho que alguns funcionários do Corpo de Polícia Nacional e até do Judiciário têm explicações a dar”, disse o ministro, lembrando que “houve pouca atenção do Ministério Público nos graves crimes pelos quais Mackenzie foi acusado e condenado".
“O Ministério Público não apresentou um único recurso” quando, por exemplo, foi concedida liberdade condicional ao pastor, após ter sido detido em março por ser acusado da morte de dois menores de idade em circunstâncias semelhantes, acrescentou o ministro.
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Além disso, a polícia também não agiu quando uma denúncia foi registrada por atividades suspeitas na floresta, afirmou.
Em 27 de junho, o patologista do governo, Johansen Oduor, que também vai depor no Senado, disse que, dos 338 corpos examinados até o momento, 117 eram menores e 201 adultos, enquanto 20 estavam em estado de decomposição muito avançado para determinar a idade.
Quase todos os corpos dos mortos no chamado "massacre de Shakahola" foram exumados naquela floresta, que cobre mais de 320 hectares, enquanto apenas alguns morreram no hospital devido à gravidade de seu estado.
As autópsias realizadas até agora mostraram que, embora todos os corpos apresentassem sinais de inanição, alguns deles, principalmente os de crianças, também apresentavam vestígios de estrangulamento e asfixia.
Nesse sentido, as primeiras investigações da polícia mostram que os fiéis eram obrigados a continuar jejuando mesmo que quisessem abandoná-lo.
Ao menos 37 suspeitos foram presos até agora por envolvimento nas mortes, que chocaram o país.
Na semana passada, o juiz do tribunal de Shanzu, na cidade de Mombasa (sul), Yusuf Shikanda, permitiu a soltura de 11 dos 30 suspeitos que permaneciam em prisão preventiva e decidiu que os demais — incluindo Mackenzie — continuariam detidos por mais 60 dias, cuja contagem começou em 2 de junho, enquanto as investigações continuam.
Em meados de junho, o Ministério Público denunciou a morte de um dos detentos após ter mantido uma greve de fome à qual aderiram outros suspeitos, enquanto Mackenzie e um de seus auxiliares não deixaram de se alimentar.
Nthenge, sob custódia da polícia desde 14 de abril, lidera a Good News International Church e já trabalhou como taxista no passado.
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