Senado do Paraguai cassa senador que pagou babá com verba pública
Senador fazia parte do partido do presidente Horácio Cartes e foi expulso com votação expressiva de sua própria bancada após protestos da população
Internacional|Da EFE
O Senado do Paraguai votou nesta segunda-feira (13) a favor da perda de mandato do senador Víctor Bogado, que na semana passada foi condenado a um ano de prisão por pagar a babá de seus filhos por meio de verbas salariais do Congresso.
O caso da "babá de ouro", como foi chamado pela imprensa local, é uma das bandeiras de grupos de cidadãos que vinham realizando atos de repúdio contra Bogado — político do Partido Colorado, o mesmo do presidente do país, Horacio Cartes — e outros parlamentares condenados por corrupção.
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Esses grupos consideraram insuficiente a condenação de Bogado, que não a cumprirá em troca do pagamento de uma multa destinada a organizações sociais, assim como os seis meses de prisão para Gabriela Quintana, a quem contratou como babá.
Diversos comentaristas políticos consideram que a votação desta segunda-feira no Senado foi influenciada pelas mobilizações da população contra a corrupção política que estão sendo realizadas desde o ano passado.
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No total, 35 senadores, entre eles a maioria da bancada do Partido Colorado, votaram a favor da perda de mandato de Bogado. O senador Juan Darío Monges, que pertence à mesma ala coloradista que o correligionário, foi o único a votar contra.
Após ser contratada através do Congresso para ser babá dos filhos do parlamentar, Quintana foi depois nomeada comissária na Entidade Binacional Itaipu, que administra a usina hidrelétrica homônima que o Paraguai compartilha com o Brasil, segundo as provas do Ministério Público.
De acordo com a procuradoria, que pedia quatro anos de prisão para ambos, Bogado contratou Quintana em 2010 para o cargo de técnica na Câmara dos Deputados, quando ele era o presidente da Casa, com um salário de 6.098.400 guaranis (US$ 960).
Em março de 2013, Quintana foi transferida como assistente administrativa com salário de 8,7 milhões de guaranis (US$ 1.300) à hidrelétrica Itaipu, de acordo com o Ministério Público.
No entanto, a investigação mostra que, um dia depois, Bogado solicitou à Itaipu a transferência de Quintana à Câmara dos Deputados como funcionária permanente.
O Ministério Público apresentou à causa elementos probatórios dos crimes de fraude e cobrança indevida de honorários, mas o tribunal só considerou o segundo, apesar de "ambos fatos estarem concatenados", segundo a procuradoria.