Sobrevivente do Holocausto, pai de Cohen o convenceu a acusar Trump
"Eu não sobrevivi ao Holocausto para ter meu nome manchado por Trump", teria dito ao filho, segundo jornal. Foi um dos incentivos para a denúncia
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
O cirurgião polonês Maurice Cohen é um dos personagens centrais no novo escândalo que envolve o presidente Donald Trump. O médico é o pai de Michael Cohen, o ex-advogado de Donald Trump que agora é seu algoz.
Sobrevivente dos campos de concentração nazistas, Cohen pai convenceu seu filho a se declarar culpado de ter coordenado com Trump o pagamento de mulheres que teriam tido relações com o presidente dos EUA.
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"Eu não sobrevivi ao Holocausto para ter meu nome manchado por Trump", teria dito a seu filho, segundo uma reportagem do The Wall Street Journal. Esse foi um dos grande incentivos para a denúncia que aconteceu nesta semana.
As investigações encontraram provas, inclusive gravações, onde Trump discute com Cohen o pagamento para a atriz Stormy Daniels e da modelo da Playboy Karen McDougal.
Daniels teria recebido US$ 130 mil (cerca de R$ 500 mil), enquanto McDougal recebeu US$ 150 mil (cerca de R$ 600 mil). Os procuradores acreditam que os pagamentos violam as leis de financiamento de campanha, porque o dinheiro foi reembolsado a Cohen pelo comitê de Trump
Nesta semana, o presidente afirmou que só soube dos pagamentos depois que eles já haviam ocorrido e que reembolsou Cohen com seu próprio dinheiro e não dinheiro da campanha eleitoral. O áudio, no entanto, mostra que ele conversou com o advogado antes que o dinheiro fosse dado.
Desde que rompeu com Trump, em junho deste ano, Cohen tem feito declarações sobre sua lealdade à sua família e ao país.
Relação conturbada
A relação de Trump e Cohen, no entanto, nunca foi um mar de rosas. Em 2012, muito antes de se apresentar como candidato à presidência, Trump, que já era uma estrela da TV, paricipou do Bar Mitzvah do filho de Cohen.
Contudo, sua presença no evento foi marcada por momentos e comentários que podem ser considerados, no minímo, constrangedores.
Na ocasião, Trump disse aos convidados que "ele não planejava ir, mas ele cedeu depois que Cohen o convidou com insistência, chamando sua secretária e seus filhos, implorando que ele aparecesse. Os convidados riram porque "todos sabiam que era muito realista", de acordo com o Journal.
'Não tolero racismo'
Antes mesmo de se voltar contra seu antigo cliente, Cohen evoca a imagem de que seu pai foi sobrevivente do Holocausto.
No ano passado, ele usou a frase para se afastar do racismo que é comumente relacionado com o presidente.
"Como filho de um sobrevivente do holocausto, não tolero o racismo. Só porque eu apoio Donald Trump, isso não faz de mim um racista", escreveu Cohen.
O tweet incluiu várias fotos de Cohen com pessoas negras, incluindo Omarosa Newman, outra ex-aliada de Trump que está fazendo revelações perigosas para o presidente desde que foi demitida.
Omarosa escreveu o livro Unhinged (Desequilibrado, em tradução livre), no qual conta detalhes controversos sobre sua passagem pela Casa Branca. Conheça mais sobre ela na galeria abaixo.