Sul-africanos protestam contra e a favor da saída de Zuma do poder
Houve confronto entre grupos rivais em Joanesburgo. Reunião da cúpula do partido do presidente sul-africano pode decidir seu futuro
Internacional|Cristina Charão, do R7, com agências internacionais
Marchas rivais foram realizadas nesta segunda-feira (5) por partidários e críticos do presidente sul-africano Jacob Zuma em Joanesburgo, próximo à sede do CNA (Congresso Nacional Africano) — partido do presidente que, no entanto, pede a sua renúncia do cargo.
Na noite de domingo, em reunião com a cúpula do CNA, Zuma afirmou que não irá renunciar. Uma reunião do comitê do partido está marcada para hoje para discutir o futuro do líder sul-africano.
Houve confronto entre membros do movimento Defend Luthuli House (Defenda a Casa Luthuli, sede do CNA), a favor da deposição de Zuma, e do partido BFL, partido socialista sul-africano que tem defendido a permanência do presidente eleito até o final de seu mandato no ano que vem.
A pressão por sua saída vem aumentando desde dezembro, quando o CNA elegeu Cyril Ramaphosa, vice-presidente da África do Sul, como seu novo líder.
O presidente sul-africano enfrenta acusações de corrupção. Em outubro, a Suprema Corte permitiu investigações sobre o relacionamento de Zuma com uma empresa de armamentos francesa. As investigações haviam sido suspensas em 2009, permitindo que ele concorresse nas eleições e chegasse à presidência em 2009 e, depois, novamente em 2014.
Zuma foi vice-presidente de Nelson Mandela e, como o histórico líder da luta anti-apartheid, também foi preso por sua atuação contra o regime de segregação racial.
Nos últimos anos, a popularidade de Zuma também foi afetada por seus vínculos com a família Gupta, de origem indiana e que controlam um grande grupo empresarial que inclui negócios na área de minas, comunicação e equipamentos de informática. A influência dos Gupta sobre o governo sul-africano rende fortes críticas ao presidente, para além dos casos de corrupção.
Falando à Reuters, um membro do CNA, Mkhulu White, disse que "os sul-africanos estão doentes e cansados" de Zuma. White disse que nenhum movimento externo pode tirar os poderes do CNA de nomear seus próprios líderes.