Supremacistas brancos nos EUA estão aprendendo táticas jihadistas
Grupos estão aprendendo a se organizar internacionalmente e a arrecadar dinheiro. Departamento de Segurança não luta contra terroristas nacionais
Internacional|Da EFE
O governo dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira (1) que as organizações de supremacistas brancos estão aprendendo as táticas usadas por grupos jihadistas para se coordenar em nível global e obter financiamento, o que provocou um aumento do terrorismo baseado em motivos raciais e étnicos em todo o mundo.
"Os nacionalistas brancos se comunicam por meio de redes internacionais. Estão aprendendo com seus antecessores jihadistas em termos de se organizar globalmente e arrecadar fundos", disse o coordenador da Luta Antiterrorista do Departamento de Estado dos EUA, Nathan Sales, em uma entrevista coletiva.
As conclusões constam em um relatório produzido anualmente pelo Departamento de Estado sobre a situação do terrorismo no mundo.
Leia também
Dois anos após Charlottesville, supremacistas perderam a vergonha
ONU cobra de governos e mídias medidas para conter crimes de ódio
Trump condena supremacistas brancos em discurso após tiroteios
FBI admite que erro permitiu que autor de massacre racista comprasse armas
Quem são os supremacistas brancos que inspiraram o atirador de Charleston
A "aprendizagem" dos supremacistas brancos foi uma das três tendências consideradas como mais significativas por Nathan em 2018, junto da queda do grupo jihadista Estado Islâmico e do suposto apoio do Irã a ações terroristas em outras partes do mundo.
"O mundo viu um aumento do terrorismo com base em motivos raciais ou étnicos", disse Sales, citando o caso de um atirador que matou 11 pessoas em uma sinagoga da cidade de Pittsburgh, nos EUA.
Sales explicou que o Departamento de Estado não se dedica a combater grupos supremacistas branco dentro dos EUA por só ter autoridade para agir internacionalmente, mas destacou que o órgão está mobilizando os aliados dos EUA para encarar a ameaça, considerada por ele como global.
"Queremos estimular medidas internacionais para tomar ações decisivas contra esses grupos, que se nutrem de ideologias cheias de ódio, supremacistas e intolerantes", destacou Sales.
O presidente dos EUA, Donald Trump, é acusado de tolerar e incentivar ações de grupos supremacistas com a retórica anti-imigração de seu governo.
As críticas à postura de Trump cresceram depois do ataque a tiros registrado em El Paso, em agosto deste ano, quando 22 pessoas morreram. O autor do crime, um jovem branco, disse que havia uma "invasão hispânica" na região.