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'Tolerância zero' na fronteira dos EUA lota abrigos infantis

Política mais dura na fronteira separa filhos de imigrantes de seus pais e faz com que governo busque até bases militares para abrigar crianças

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Crianças estão sendo separadas de seus pais ao atravessarem a fronteira dos EUA
Crianças estão sendo separadas de seus pais ao atravessarem a fronteira dos EUA

Agentes de fronteira dos EUA estão ficando sem espaço para abrigar filhos de imigrantes que foram separados de seus pais no momento que entraram no país. De acordo com a rede NBC, no último domingo, havia 550 crianças em abrigos federais ao longo da divisa com o México, das quais 300 já teriam permanecido mais do que as 72 horas permitidas por lei nesses locais.

A situação é resultado da nova política de 'tolerância zero' que a administração do presidente Donald Trump implementou recentemente nas fronteiras e que vem sendo alvo de críticas de diversas entidades, como a ONU e a Human Rights Watch.

Falta de estrutura

As instalações, que são geridas pela patrulha da fronteria e deveriam servir apenas como uma primeira parada para essas crianças, muitas vezes não têm estrutura adequada, como camas e dormitórios separados para as crianças. Em entrevista ao R7, Alison Parker, diretora do Human Rights Watch, condenou a medida.


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— O aprisionamento é muito prejudicial às crianças, a despeito das condições em que elas estejam abrigadas. Além da detenção e do fato de que elas foram arrancadas de seus pais, elas estão em locais frios e onde não há nutrição, acompanhamento de saúde e educação adequadas.

Sem antecedência


Segundo a NBC, a agência responsável por cuidar das crianças não teria sido avisada com antecedência da implantação da 'tolerância zero', em maio, e portanto não pôde se preparar adequadamente. Para Alison Parker, a política violar direitos básicos dos filhos de imigrantes.

— O governo deveria tomar decisões relativas às crianças pensando no que é melhor para elas, não é isso o que vem acontecendo. Estamos muito preocupados com a situação. Separar crianças de seus pais e depois aprisioná-las são ações cruéis, desnecessárias e violam os direitos humanos mais básicos.


Bases militares

A situação chegou a tal ponto que funcionários da HHS, a agência norte-americana responsável por cuidar das crianças imigrantes a médio e longo prazo e também por abrigá-las com responsáveis ou parentes nos EUA, irão inspecionar três bases militares no Texas para usá-las como abrigos temporários para as crianças. Alison Parker disse que a Human Rights Watch vai acompanhar a situação de perto.

— Isso levanta sérias preocupações sobre os direitos das crianças, ainda mais levando em conta que, segundo a legislação internacional, crianças não podem ser detidas em qualquer local apenas por causa das situações imigratórias de seus pais.

Traumas severos

Segundo a diretora da HSW, a política de separar famílias na fronteira pode criar traumas severos nas crianças, que muitas vezes chegam aos EUA com os pais fugindo de situações já marcadas pela violência.

— A detenção e a separação familiar, mesmo que por períodos curtos de tempo, mesmo que por curtos períodos de tempo, tem consequências muito sérias no bem estar mental, especialmente para as crianças que já passaram por traumas. A permanência em detenção também pode afetar de maneira negativa a capacidade da criança de perceber direitos fundamentais, como educação, saúde e unidade familiar.

Na nova regra implantada por Trump, as famílias podem ficar separadas até que os pais compareçam às audiências na Justiça para determinar se eles estão aptos a receber asilo nos EUA. A espera pode durar pelo menos 45 dias.

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