Tony Blair diz que chance de novo referendo do Brexit é de 50%

'Qualquer Brexit sendo oferecido hoje resultará em um dano econômico significativo', disse ex primeiro-ministro britânico em entrevista à Reuters

11/10/2018 - 11h48 (Atualizado em 20/04/2024 - 14h59)

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse que existe 50% de chance de haver um novo referendo do Brexit, uma vez que a premiê Theresa May dificilmente terá maioria para aprovar qualquer acordo de separação do Reino Unido da União Europeia no Parlamento.

"Qualquer Brexit sendo oferecido hoje resultará em um dano econômico significativo", disse Blair, que atuou como premiê de 1997 a 2007, em entrevista à Reuters.

Leia também

"Ainda acredito que é possível deter o Brexit, acho que não há maioria no Parlamento para qualquer proposta que a primeira-ministra traga de volta", disse Blair, acrescentando que quer um segundo referendo.

Acordo em discussão com a UE

‌

Faltando menos de seis meses para a desfiliação britânica da UE, há pouca clareza sobre como a quinta maior economia do mundo e seu proeminente centro financeiro internacional negociarão com o bloco depois do Brexit.

May está tentando fechar um acordo, mas não se sabe se conseguirá torná-lo aceitável ao seu país, cuja legislatura precisa aprová-lo.

‌

Acompanhe o noticiário internacional no R7

Blair disse que as agências reguladoras da Europa não desejarão ver o centro das finanças europeias fora de sua órbita, o que provocaria a perda de empregos no setor financeiro.

‌

"Por que nos criar este problema em um campo da economia global no qual somos globalmente proeminentes?", indagou Blair, acrescentando que o governo descartou os interesses do setor de serviços.

Brexit cria 'situação prejudicial'

Ele disse que, se o Brexit vingar e for seguido por um governo liderado pelo trabalhista Jeremy Corbyn, o país enfrentará "uma situação verdadeiramente prejudicial e desafiadora".

"Este é o problema com as políticas dos dois grandes partidos: eles parecem pensar que você pode fazer o Brexit e depois buscar um monte de leis sociais para tornar o capitalismo mais justo e mais igualitário e assim por diante", disse Blair.

"Eles têm que acordar para o fato de que, se você fizer o Brexit, sua prioridade número um será fazer este lugar continuar sendo um lugar atraente para os investidores virem".

Conheça uma personagem anti-Brexit: Jovem britânica encarna super-heroína para lutar por fim do Brexit

Aos 24 anos, a britânica Madeleina Kay é ativista contra o Brexit em tempo integral desde 24 de junho de 2016 — um dia após o referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia. “Eu escrevo e canto músicas de protestos em eventos em todo o Reino Unido e na Europa. Também desenho ilustrações e escrevo livros infantis sobre questões políticas”, conta a jovem em entrevista ao R7

O empenho de Madeleina pela permanência do Reino Unido na União Europeia é tanto que, desde o ano passado, ela criou um personagem só para dar mais destaque à sua campanha: é a EU Supergirl (Supergarota da UE, em tradução livre)

“Decidi começar a usar a fantasia de heroína porque percebi que as manifestações visuais ganham mais força nas mídias sociais e mais cobertura na imprensa. Também é algo que é icônico, facilmente reconhecível — todo mundo adora um super-herói — e, por isso, mais fácil de envolver as pessoas durante a campanha”, ressalta a jovem

Veja também: Brexit: britânicos oscilam diante da questão ser ou não ser
europeu

Segundo Madeleina, impedir que o Brexit aconteça é essencial não só para o
futuro de sua geração, como para o de todas as pessoas do Reino Unido. “Mesmo
quem faz a campanha para que deixemos a UE admite que os supostos benefícios da
saída levarão até cinco décadas para se concretizarem”, diz

“Se queremos uma economia forte, precisamos continuar a fazer parte do maior bloco comercial do mundo. Sem um acordo, o cenário será de caos absoluto: voos barrados, escassez de alimentos e remédios e apagões”, aponta Madeleina

As
andanças da jovem pelo Reino Unido e pela Europa são financiadas por apoiadores
de uma vaquinha virtual e pela família de Madeleina. “O crowdfunding me
permitiu arrecadar uma grande quantia nos últimos anos. Sou ativista em tempo
integral e só consigo fazer isso porque vivo com meu pai e porque tenho
apoiadores. O dinheiro custeia visitas a protestos, eventos e entrevistas que
não são bancados pelos organizadores”, explica

Em sua jornada como ativista, Madeleina já visitou o
Parlamento Europeu em Bruxelas e esteve em campanhas e shows em três cidades na
Alemanha, na França, e também na Polônia. A jovem ainda fez aparições na rede
de notícias britânica BBC como entrevistada e ganhou prêmios — entre eles, o ‘Jovem
Europeu do Ano de 2018’, promovido pela Schwarzkopf Foundation, cuja missão é
empoderar jovens de todas as origens a serem cidadãos ativos pela colaboração
pacífica na Europa

A britânica acredita que a parte mais gratificante da campanha nos últimos dois anos tem sido conhecer as diferentes pessoas que lutam pela causa. “Costumo dizer que o único benefício trazido pelo Brexit é a rede de pessoas pró-UE que ele estabeleceu no Reino Unido. Esta comunidade é formada por alguns dos indivíduos mais inteligentes, apaixonados, criativos, generosos e atenciosos que já encontrei”

Madeleina finaliza afirmando que não pretende parar de lutar pela causa europeia tão cedo: “Estou muito confiante de que podemos acabar com Brexit antes do dia 29 de março — que é também o meu 25º aniversário —, mas espero continuar a fazer campanha pela Europa no futuro. Especialmente pelo envolvimento dos jovens nas eleições do Parlamento Europeu, que devem ocorrer em maio de 2019”

Aos 24 anos, a britânica Madeleina Kay é ativista contra o Brexit em tempo integral desde 24 de junho de 2016 — um dia após o referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia. “Eu escrevo e canto músicas de protestos em eventos em todo o Reino Unido e na Europa. Também desenho ilustrações e escrevo livros infantis sobre questões políticas”, conta a jovem em entrevista ao R7