Trump acusa peixe por falta de água para combater incêndios na Califórnia

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, afirmou que a escassez de água para combater os incêndios florestais em Los Angeles é resultado de uma política ambiental voltada para a proteção de um “peixe minúsculo”. A política foi implementada pelo governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom.

“É muito triste porque tenho tentado fazer com que Gavin Newsom permita que a água chegue. Tem muita água lá em cima. Eles enviaram essa água para o Pacífico porque estão tentando proteger um peixinho minúsculo, que está em outras áreas, a propósito. É chamado de smelt. E pelo bem do smelt, eles não têm água”, declarou Trump em entrevista no Capitólio na quarta-feira, 8.

O presidente eleito também abordou o tema em sua plataforma de mídia social, a Truth Social, afirmando que Newsom se recusou a assinar um memorando que permitiria a restauração de água para diversas partes da Califórnia. Segundo Trump, o memorando visava aproveitar milhões de galões de água excedente provenientes de chuvas intensas e do derretimento da neve no norte do estado.

“Ele queria proteger um peixe essencialmente inútil chamado smelt, dando-lhe mais água (não funcionou!), sem se importar com o povo da Califórnia. Agora o preço final está sendo pago... Ele é o culpado por isso... Um verdadeiro desastre!”, escreveu Trump na rede social.

Peixe e conservação ambiental

O animal em questão é o Delta smelt, uma espécie nativa da região do Rio Sacramento, na Califórnia, que está ameaçada de extinção. O peixe se tornou o centro de debates acalorados sobre conservação ambiental e o uso da água no estado.

O Delta smelt é um peixe pequeno, com cerca de cinco a sete centímetros de comprimento, pertencente à família Osmeridae. Ele depende de águas limpas e de fluxos naturais para sobreviver, sendo considerado um indicador da saúde ambiental do ecossistema.

As críticas de Trump ao smelt fazem parte de uma retórica mais ampla contra regulamentações ambientais, frequentemente descritas por ele como excessivas e prejudiciais à economia e ao setor agrícola.

Situação dos incêndios na Califórnia

Desde terça-feira, 7, incêndios florestais têm se alastrado rapidamente em Los Angeles, atingindo até o momento uma área equivalente à cidade de São Francisco, causando a morte de cinco pessoas e forçando a evacuação de milhares. O avanço das chamas é impulsionado pelos ventos de Santa Ana, comuns na região nesta época do ano.

De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS), os ventos de Santa Ana são correntes de ar secas, quentes e intensas que sopram do interior em direção à costa do sul da Califórnia, especialmente entre setembro e maio.

Eles se originam em áreas de alta pressão nas regiões desérticas e fluem para áreas de baixa pressão na costa, secando a vegetação e criando condições ideais para a propagação de incêndios.

Esses ventos, que podem atingir velocidades de até 140 km/h, espalham brasas por longas distâncias, aumentando os focos de incêndio. Historicamente, estão associados aos piores incêndios da Califórnia, como o Woolsey, que matou três pessoas em 2018, e o Franklin, que destruiu dezenas de casas em 2023.