Trump cogita encerrar separação de famílias de imigrantes, diz Fox

O governo Trump tem sido duramente criticado pela política de separações de famílias e detenções de crianças na fronteira com o México

Internacional|Cristina Charão, do R7, com Reuters

20/06/2018 - 12h19 (Atualizado em 22/02/2024 - 12h09)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está cogitando assinar um decreto, nesta quarta-feira (20), que permitiria que filhos permaneçam com seus pais imigrantes detidos pelo serviço de imigração enquanto aguardam os processos judiciais, disse a rede de TV norte-americana Fox News, citando fontes não identificadas.

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O governo Trump tem sido duramente criticado pela política de separações de famílias e detenções de crianças na fronteira com o México, principalmente após a divulgação de vídeos de jovens em celas e uma gravação em áudio de crianças chorando que geraram protestos no país e forte condenação no exterior.

O aceno de Trump para agir diretamente sobre a questão da separação de famílias surge no momento em que o Congresso discute a revisão das leis de imigração. Os Republicanos mostram-se divididos sobre a questão das crianças imigrantes e não há sinais de que os congressistas levem adiante uma lei proibindo a separação.

Para Trump, o desafio é conseguir aprovar suas promessas de endurecimento das leis, incluindo a construção do muro na fronteira com o México, agora que está pressionado por uma crescente oposição às políticas de imigração resultantes da divulgação de casos de crianças, adolescentes e até bebês separados dos familiares imigrantes.

A política de 'tolerância zero' na fronteira dos Estados Unidos com o México, adotada a partir de abril, já resultou em mais de 2 mil crianças sendo separadas de seus pais após as famílias entrarem ilegalmente em território norte-americano. Imagens como a desta menina hondurenha de 2 anos chorando enquanto sua mãe é revistada pela patrulha de fronteira tomaram conta do noticiário nos EUA e a administração Trump está sob críticas de opositores e até do próprio partido

A ex-primeira-dama Laura Bush, esposa do ex-presidente George W. Bush, veio a público criticar a 'tolerância zero' na fronteira deveria acabar. "É uma política cruel e imoral", afirmou Laura Bush, em uma coluna no jornal The Washington Post. Ela escreveu o texto após visitar um abrigo para crianças separadas dos pais no Texas. A própria Melania Trump, esposa de Donald Trump, criticou a política

O senador republicano John McCain, que representa o estado do Arizona, um dos que mais tem de lidar com imigrantes ilegais, foi outro a criticar o que está acontecendo na fronteira. "A atual política de separação de famílias é uma afronta à decência do povo norte-americano, contrária aos princípios e valores que fundaram esta nação. A administração tem o poder de acabar com essa política e deveria fazê-lo agora", publicou o senador em sua conta no Twitter

ONU exige que EUA parem de separar crianças imigrantes de pais

A 'tolerância zero' consiste em processar na esfera federal todos os imigrantes que entram ilegalmente em território norte-americano. A entrada é uma contravenção, não um crime, mas ao processar todos os imigrantes, isso significa que os adultos devem permanecer sob custódia em instituições federais. A presença de crianças é proibida em instalações desse tipo, por isso elas são tiradas dos pais e levadas para abrigos

Durante toda a crise, Trump e seus assessores vêm defendendo que é uma questão de 'cumprir a lei' e que o destino dos imigrantes 'está nas mãos do Congresso', mas os analistas afirmam que é uma questão apenas de decidir não separar as famílias

As polêmicas 'geladeiras' onde imigrantes ficam presos na fronteira dos EUA com o México

Nesta segunda-feira, a senadora Kamala Harris, democrata da Califórnia, pediu publicamente a saída da secretária de Segurança Interna, Kirsten Nielsen, que comanda as agências que fiscalizam a fronteira e cuidam dos imigrantes e seus filhos. No domingo, Nielsen havia negado as separações de famílias. "Nós devemos falar a verdade. Não há uma lei que obrigue o governo a arrancar crianças de suas famílias", protestou

Trump, nesta segunda, disse que os EUA não se tornarão um grande "campo de refugiados", indicando que a política não deve mudar, mesmo com todas as críticas. Por sua vez, Nielsen tentou desviar o foco citando outros milhares de adolescentes que chegam à fronteira desacompanhados e também são abrigados pela Segurança Interna

Enquanto isso, milhares de imigrantes e seus filhos continuam chegando à fronteira do México com os EUA. A maioria foge de realidades violentas em países como Honduras, Guatemala e El Salvador. Mas há até alguns brasileiros entre as crianças dos abrigos. Na semana passada, o R7 contou a história de sete jovens do Brasil que estão detidos em um abrigo em Tucson, no Arizona

A política de 'tolerância zero' na fronteira dos Estados Unidos com o México, adotada a partir de abril, já resultou em mais de 2 mil crianças sendo separadas de seus pais após as famílias entrarem ilegalmente em território norte-americano. Imagens como a desta menina hondurenha de 2 anos chorando enquanto sua mãe é revistada pela patrulha de fronteira tomaram conta do noticiário nos EUA e a administração Trump está sob críticas de opositores e até do próprio partido