Trump diz que exigências de Kim sobre sanções emperraram acordo
Presidente dos EUA disse que líder da Coreia do Norte queria fim das sanções econômicas contra seu país e, por isso, preferiu uma 'retirada amigável'
Internacional|Do R7
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (28) que não houve acordo em sua reunião com o líder norte-coreano Kim Jong-un por causa de exigências inaceitáveis da Coreia do Norte para que sanções impostas ao país fossem retiradas.
Trump disse que houve um bom progresso nos dois dias de negociações em Hanói, capital do Vietnã, na construção de relações e na questão-chave da desnuclearização, mas afirmou que é importante não se precipitar e acabar em um acordo ruim.
"Foi tudo por causa das sanções", disse Trump em entrevista coletiva após as negociações serem encerradas antes do previsto. Basicamente, eles queriam que as sanções fossem retiradas por completo, e não podemos fazer isso", afirmou.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA intensificaram as sanções sobre a Coreia do Norte quando o país realizou uma série de testes de mísseis nucleares balísticos em 2017, cortando as principais fontes de recursos do país.
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Tanto Trump quanto Kim deixaram o local onde aconteceram as negociações, o hotel Metropole, da era colonial francesa, sem participar de um almoço a que, inicialmente, os dois iriam comparecer.
"Às vezes você tem que ir embora, e esta foi uma dessas vezes", disse Trump acrescentando: "foi um abandono amigável".
O fracasso em obter um acordo é um revés para Trump, um negociador de estilo próprio que está sendo pressionado nos EUA por suas relações com a Rússia e pelo depoimento de seu ex-advogado Michael Cohen, que o acusa de violar a lei no governo.
Trump disse que Cohen "mentiu muito" no depoimento que prestou ao Congresso em Washington na quarta-feira, embora tenha afirmado que seu ex-advogado falou a verdade quando disse que "não houve conluio" com a Rússia.
O fracasso das negociações com Kim também levantará questões sobre o preparo do governo Trump e sobre as críticas de alguns ao estilo de diplomacia adotado por ele.
Desde sua primeira cúpula em Cingapura, em junho, Trump tem enfatizado a boa química com Kim, mas surgiram dúvidas de que a bonomia poderia ultrapassar a pompa da reunião e se transformar em um avanço palpável para a eliminação do arsenal nuclear norte-coreano que ameaça os EUA.
As coisas pareciam mais promissoras quando os líderes se encontraram na quarta-feira, prenunciando conversas bem-sucedidas antes de um jantar social com assessores de primeiro escalão.
A Casa Branca estava confiante o suficiente para agendar uma "cerimônia conjunta de assinatura de um acordo" após a conclusão das conversas. Como o almoço, a cerimônia não aconteceu.
Sem surpresas
"Nenhum acordo é uma surpresa, especialmente porque ambos estavam sorridentes a noite passada", disse Lim Soo-ho, do Instituto de Estratégia de Segurança Nacional.
"Mas nenhum acordo hoje não significa que não haverá um nos próximos meses. Significa que as apostas eram altas demais para os dois líderes emitirem outro comunicado insípido como fizeram em Cingapura."
A cúpula de Cingapura, a primeira entre um presidente norte-americano no exercício do cargo e um líder norte-coreano, produziu um comunicado vago no qual Kim prometeu trabalhar para a desnuclearização da península coreana, e que rendeu pouco progresso.
A Coreia do Sul, velha rival da Coreia do Norte que apoia os esforços para encerrar a confrontação na península, disse que lamenta que não se tenha chegado a um acordo, mas que os dois lados avançaram.
O graduado diplomata chinês Wang Yi disse que as dificuldades eram inevitáveis nas conversas, mas que os dois lados deveriam persistir que a China desempenhará um papel construtivo.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por sua vez, disse que apoia a decisão de Trump e que deseja uma reunião com Kim.
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