Trump é recebido com protestos em Pittsburgh e visita sinagoga atacada
Presidente dos EUA esteve em local onde 11 pessoas foram mortas no último sábado, e recebeu críticas dos moradores por seus discursos
Internacional|Do R7
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve nesta terça-feira (30) na sinagoga de Pittsburgh, onde 11 judeus foram mortos por um atirador, para oferecer condolências, enquanto milhares de pessoas em luto compareceram aos primeiros funerais de vítimas do massacre.
O presidente, que segundo seus oponentes incentivou um clima político tóxico que levou a atos de violência, fez uma rápida visita ao templo Árvore da Vida, local do ataque de sábado, acompanhado da primeira-dama Melania Trump.
Ele também planejava visitar policiais hospitalizados e outros feridos no ataque. A família de uma das vítimas se recusou a receber o presidente.
Membros da comunidade judaica de Pittsburgh promoveram um protesto contra Trump enquanto sua visita começava, gritando "Palavras têm significado" e carregando cartazes com slogans como "Construímos pontes e não muros".
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Trump foi acompanhado em seu voo de Washington para a segunda maior cidade do Estado da Pensilvânia por Ivanka Trump e Jared Kushner, sua filha e seu genro, que são judeus e atuam como conselheiros da Casa Branca.
Trump viajou a Pittsburgh apenas sete dias antes das eleições que irão determinar se o Partido Republicano do presidente irá manter a maioria nas duas casas do Congresso, ou se os democratas irão conquistar a maioria em uma delas ou em ambas.
Os primeiros funerais para as vítimas do ataque aconteceram nesta terça-feira. Mais de 1800 pessoas, algumas de outras partes dos Estados Unidos, prestaram solidariedade aos familiares de David Rosenthal, de 54 anos, e Cecil Rosenthal, de 59, em Rodef Shalom, outra sinagoga no distrito de Squirrel Hill que forma o coração da comunidade judaica na cidade. Policiais estavam de vigia em frente ao templo.
Os dois irmãos, que viviam em uma residência para pessoas com deficiências, estavam entre os 11 mortos, a maioria deles idosos, quando um atirador invadiu a sinagoga Árvore da Vida e abriu fogo sobre os frequentadores gritando "Todos os judeus devem morrer".
Serviços memoriais também foram realizados para Jerry Rabinowitz, um médico da família de 66 anos, e o aposentado Daniel Stein, de 71. O público de cerca de 2 mil pessoas no funeral de Rabinowitz incluiu enfermeiros vestidos em seus aventais cirúrgicos.
O atirador, Robert Bowers, de 46 anos, foi preso após ter sido ferido em troca de tiros com a polícia. Ele foi indiciado com 29 acusações criminais, incluindo crimes de ódio, e pode até ser condenado à morte.
O ataque — classificado pela Liga Anti-Difamação (ADL) como o mais mortal destinado a judeus na história dos Estados Unidos — levantou um debate nacional sobre a retórica de Trump, que, segundo seus críticos, contribuiu para surtos em atividades de grupos de neonazistas e de nacionalistas racistas.
O governo Trump rejeita a ideia de que teria incentivado grupos de extrema-direita que o apoiam.
Organizadores do protesto, ao anunciarem suas ações, repreenderam Trump: "O atirador que destruiu nossa comunidade acredita nas suas mentiras sobre a caravana de imigrantes no México", disseram, em referência ao grupo de imigrantes que marcha pelo México em direção aos EUA. "Ele acreditou nas mentiras antissemitas de que judeus estariam financiando a caravana".
Em uma publicação em redes sociais no sábado, Bowers acusou a Sociedade Hebraica de Ajuda aos Imigrantes, um grupo que ajuda refugiados, de trazer para o país "invasores que matam o nosso povo".
O anúncio do protesto repercutiu uma carta aberta de um grupo local de líderes judaicos que disse a Trump: "Você não é bem-vindo em Pittsburgh até que condene completamente o nacionalismo racista branco".
Mais de 75 mil pessoas assinaram a carta, organizada e postada online pela unidade de Pittsburgh da organização judaica "Bend the Arc" que se diz opositora do que chama de "agenda imoral do governo Trump e do Partido Republicano".