Trump encerra conversas de paz com os talibãs no Afeganistão
Após cancelamento de reunião secreta após ataque que deixou 11 mortos, inclusive um soldado americano, presidente não vai suspender guerra
Internacional|Da EFE
Depois de cancelar uma reunião secreta que ocorreria no fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (9) que as negociações de paz com os talibãs estão "mortas".
"No que me concerne, estão mortas", disse Trump a jornalistas.
No sábado (7), Trump foi ao Twitter anunciar o cancelamento de um encontro secreto com representantes dos talibãs e do governo do Afeganistão que ocorreria em Camp David, a residência de campo da presidência dos EUA.
Trump disse ter cancelado a reunião depois de os talibãs terem admitido a autoria de um atentado em Cabul na última quinta-feira. Segundo balanço divulgado pelo governo do Afeganistão, 11 pessoas morreram no ataque, entre elas um soldado americano.
No entanto, a Casa Branca não havia esclarecido se o tweet de Trump representava o fim das conversas entre o governo dos EUA e o grupo insurgente, que estão discutindo há mais de um ano no Catar formas de encerrar o conflito que já dura mais de duas décadas.
Ontem, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, chegou a dizer que o governo americano ainda estava aberto a discutir um acordo de paz com os talibãs, mas foi contrariado hoje por Trump.
As negociações com os talibãs provocaram atritos entre alguns integrantes do governo americano, em especial sobre a decisão de receber integrantes do grupo insurgente. Trump, porém, negou a existência de qualquer rusga entre os membros de sua equipe.
"Quanto aos meus assessores, eu segui meu próprio conselho. Foi minha ideia (a reunião) e foi minha ideia cancelá-la", ressaltou o presidente americano.
"Eles (os talibãs) sentem que arruinaram as coisas, eles mesmos disseram isso", completou.
O porta-voz do escritório político dos talibãs no Catar, Suhail Shaheen, disse ontem que o grupo já havia firmado um acordo com os Estados Unidos. Por isso, classificou como "surpreendente" o anúncio repentino de Trump.
O acordo com os EUA poderia ter aberto as portas para negociações diretas entre talibãs e o governo do Afeganistão. A última vez que as partes se reuniram foi em 2015, processo que foi suspenso dias depois da notícia da morte do fundador do grupo, mulá Omar.