Trump promete mobilizar militares para sufocar protestos nos EUA
Presidente norte-americano invoca lei de mais de 200 anos para poder utilizar força militar dentro de seu território, em tentativa de retomar o controle
Internacional|Do R7
Em um pronunciamento diante da Casa Branca nesta segunda-feira (1º), o presidente dos EUA, Donald Trump, condenou os protestos contra o racismo e a violência policial dos últimos dias e invocou uma lei de mais de 200 anos para espalhar membros do Exército pelo país, em uma tentativa de sufocar as mobilizações.
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O discurso aconteceu no momento em que a polícia jogava gás lacrimogênio e bombas de efeito moral contra manifestantes que protestavam a alguns quarteirões da Casa Branca. Na sexta-feira e no último domingo, as marchas em Washington chegaram próximas à residência presidencial.
Depois que parte da multidão diante da Casa Branca foi dispersada, Trump andou por entre linhas formadas por tropa de choque até o parque que fica diante da residência presidencial e tirou fotos com uma bíblia na mão.
'Atos de terror'
"Esses são atos de terror doméstico. Estão espalhando sangue de pessoas inocentes. A américa precisa de segurança, não de anarquia. Justiça, não o caos. E nós vamos sempre vencer. Por isso estou mobilizando toda a ajuda federal para parar toda essa violência e defender os direitos de todos os americanos", declarou Trump, que se chamou de "presidente da lei e da ordem"
Ele afirmou que vai mobilizar todos os homens da Guarda Nacional e pediu que os governadores dos estados os utilizem para "dominar as ruas". E para os prefeitos e governadores que se recusarem a usar esses recursos, ele deixou implícito que pode mobilizar militares à revelia.
"Isso vai acabar agora. Os que desobedecerem ao toque de recolher, sofrerão as consequências, serão presos e serão indiciados. Quero que os organizadores dessas ações criminosas respondam por seus crimes e de preferência na cadeia", disse o presidente.
Os protestos começaram após a morte do segurança George Floyd em uma abordagem policial em Minneapolis, na última segunda-feira (25) e se espalharam pelo país.
Discussão com governadores
Mais cedo, em uma videoconferência com diversos governadores, Trump os acusou de serem coniventes com os manifestantes e disse que eles seriam vistos como "fracos" se não coibissem os protestos logo.
A retórica do presidente não foi bem aceita por todos. "Normalmente o trabalho do presidente é perseverar nessas circunstâncias e tentar abaixar a temperatura. Não é o que este presidente faz", disse o governador de Illinois, o democrata J.B. Pritzker.
Mas não foi apenas a oposição que criticou Trump. Para o líder do governo no Senado, o republicano John Thune, "o país quer se curar e precisa de calma e esse é o tom que o presidente precisa dar quando falar sobre tudo isso". Na opinião do senador, alguns dos recentes posts do presidente em redes sociais "não estão ajudando".