Turquia questiona aliança após EUA reconhecerem o genocídio armênio
Presidente Erdogan disse que pode cancelar a visita a Washington marcada para o próximo mês e chamou decisão dos EUA de 'inútil'
Internacional|Da EFE
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, condenou nesta quarta-feira (30) a decisão dos Estados Unidos de reconhecer o genocídio armênio e declarou que esta medida o faz questionar a aliança entre ambos os países-membros da Otan e pode levar ao cancelamento da visita que fará a Washington no próximo mês.
"O fato de os EUA estarem dando esses passos nos faz questionar a nossa aliança. A decisão da Câmara dos Representantes dos EUA é inútil, não a reconhecemos", disse Erdogan em discurso em Ancara.
Nesta manhã, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia convocou o embaixador dos EUA, David Satterfield, para expressar a rejeição do governo turco à resolução adotada na terça-feira pelo Congresso americano.
"É uma grande difamação contra a nossa nação. Nossa Assembleia Nacional dará a resposta necessária contra esta ação", disse o governante.
Erdogan passou a questionar, inclusive, se irá se encontrar com o presidente americano, Donald Trump, no dia 13 de novembro em Washington, como está previsto na agenda de ambos. "Ainda não decidi", declarou à imprensa turca.
Embora a Turquia reconheça que houve massacres de armênios nos últimos anos do Império Otomano, argumenta que esses fatos estavam inseridos no contexto da guerra contra as milícias aliadas às tropas russas que invadiram a Anatólia. Ancara alega ainda que, naquela época, ainda não existia uma figura jurídica de genocídio.
Estima-se que mais de um milhão de armênios foram assassinados ou morreram durante a grande deportação - forçada pelas forças otomanas - da população para territórios desérticos da Síria.