Ucrânia confirma a morte de 9.000 de seus soldados após quase seis meses da invasão da Rússia
União Europeia estuda uma missão de 'treinamento' do Exército ucraniano diante de uma 'guerra que persiste'
Internacional|Do R7
A Ucrânia admitiu nesta segunda-feira (22) que cerca de 9.000 de seus soldados foram mortos desde o início da invasão russa há seis meses, enquanto a União Europeia estuda uma missão de "treinamento" do Exército ucraniano diante de uma "guerra que persiste".
Ao discursar em um fórum em Kiev, o comandante e chefe do Exército da Ucrânia, general Valery Zaluzhny, disse que as crianças do país precisam de atenção especial porque seus pais partiram para o front e "provavelmente estão entre os quase 9.000 heróis que foram mortos".
Essa é uma das raras declarações de oficiais ucranianos sobre as perdas militares na guerra, iniciada em 24 de fevereiro por Moscou.
A estimativa anterior data de meados de abril, quando o presidente ucraniano Volodmir Zelenski mencionou o número de 3.000 soldados ucranianos mortos e cerca de 10 mil feridos desde o começo da ofensiva russa.
Enquanto muitos países europeus estão fornecendo equipamentos militares à Ucrânia, a UE planeja organizar uma missão de "treinamento e assistência" ao Exército do país, que ocorrerá em países vizinhos, informou Josep Borrell, alto representante da UE para Política Externa.
A proposta será discutida na próxima semana em Praga, no Conselho de ministros da Defesa dos países-membros da UE.
"Guerra que persiste"
"Uma guerra que persiste exige um esforço não só de fornecimento de equipamentos, mas também de treinamento e ajuda na organização do Exército", comentou Borrell em entrevista coletiva na Espanha.
"Estamos diante de uma guerra em larga escala, uma guerra convencional com meios extraordinariamente grandes e centenas de milhares de soldados", explicou.
"Esta não é uma guerra pequena", insistiu o alto representante da UE, de nacionalidade espanhola. "Dez milhões de ucranianos deixaram seu país, é como se 20% dos espanhóis tivessem deixado a Espanha."
"Estamos em um momento em que a frente está se estabilizando. Mesmo que o Exército russo continue tentando ofensivas (limitadas), vemos uma perda de ímpeto; Moscou está em posição defensiva em grande parte da frente e parte de sua retaguarda na Ucrânia", afirmou à AFP Dimitri Minic, pesquisador do IFRI (Instituto Francês de Relações Internacionais).
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Dois aviões do Exército dos Estados Unidos sobrevoarão vários países do sudeste da Europa nesta segunda-feira, em uma nova demonstração de força para assegurar o "compromisso" dos EUA ao lado dos membros da Otan no contexto da guerra na Ucrânia, anunciou por sua vez o comando americano.
Nesta tarde, os bombardeiros B-52 Stratofortress baseados no Reino Unido "realizarão sobrevoos em baixa altitude no sudeste da Europa", explicou o Exército em comunicado.
Explosão de carro em Moscou
No campo de batalha, o Ministério da Defesa russo anunciou nesta segunda-feira que suas tropas mataram até cem soldados ucranianos em três localidades na região de Donetsk, 30 na região de Zaporozhzhia, bem como 50 na região de Mykolaiv, no leste da Ucrânia.
Dezenas de veículos blindados ucranianos foram destruídos, assim como oito postos de comando, um lançador de mísseis antiaéreos Buk-M1 e seis depósitos de armas e munições para foguetes e artilharia, segundo o ministério.
Os Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia acusou os "serviços especiais" ucranianos de teremmatado a filha de um renomado ideólogo próximo ao Kremlin, que faleceu na noite do sábado (20), vítima da explosão de seu carro perto de Moscou.
De acordo com um comunicado do FSB citado por agências de notícias russas, o veículo dirigido por Daria Dugina foi sabotado por uma mulher de nacionalidade ucraniana nascida em 1979, que chegou à Rússia em julho com sua filha menor de idade. Essa mulher ucraniana fugiu para a Estônia com a filha.
Jornalista e cientista política nascida em 1992, Daria Dugina é filha de Alexandre Dugin, ideólogo e escritor ultranacionalista que promove uma doutrina expansionista e feroz defensor da ofensiva russa no território ucraniano. A Ucrânia negou neste domingo (21) qualquer envolvimento na morte de Dugina.