Resumindo a Notícia
- Milhares de soldados sumiram desde o começo da guerra entre Ucrânia e Rússia.
- Militares desaparecem durante combates, e governo não está dando conta de buscas.
- Familiares precisam se submeter a horas de vídeos de corpos para tentar identificar parentes.
- Na Ucrânia, cidadãos locais lamentam burocracias confusas e mantêm esperanças.
Famílias identificam soldados ucranianos mortos na guerra por meio de vídeos
ARIS MESSINIS/AFP - 23.03.2023Milhares de soldados já desapareceram desde o começo da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, em 2022. De acordo com o The Economist, a família dos desaparecidos sofre com a falta de informação e divulgação dos casos.
Conversando com alguns ucranianos que não sabem o paradeiro de seus entes queridos, a publicação inglesa fez uma descoberta impactante: essas pessoas, muitas vezes, são obrigadas a assistir a horas de filmagens de cadáveres para tentar identificar seus familiares.
A função, que deveria ser desempenhada por investigadores especializados, caiu na mão dos civis com a sobrecarga de tarefas por conta da guerra. “Vi tantos corpos se decompondo, eu aumentava o quadro, olhava os rostos, os dentes", contou a mãe de um dos soldados.
Anatoliy Ostapenko, membro do comitê parlamentar ucraniano, afirma que a situação é um grande descaso. “Se o Estado mobiliza soldados, deveria ter a responsabilidade de lidar com o problema quando eles desaparecem”, ressaltou.
Os soldados ucranianos desaparecidos passam pelo mesmo protocolo que os civis locais. Cabe à família informar o desaparecimento de uma pessoa e acompanhar o andamento da investigação. "Mas não sabemos direito a quem recorrer", diz Tanya Kolomiyets, irmã de um militar desaparecido.
Os protocolos confundem a população, que é encaminhada para diversos setores e não obtém a resposta desejada. “Não há informações confiáveis de que ele esteja lá”, lamenta Tanya. "Mas talvez ainda esteja vivo", completa, esperançosa.
Só no mês passado, as autoridades ucranianas revelaram que pouco mais de 7.000 militares desapareceram em ação, e os órgãos competentes deixam que as famílias, "desesperadas", como definiu o jornal, façam o possível para encontrá-los, em um processo "mentalmente exaustivo".
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