O comissário de direitos humanos da Ucrânia apelou para que haja mais pressão internacional sobre Moscou com o objetivo de ajudar Kiev a trazer para casa milhares de crianças ucranianas. Dmytro Lubinets falou à Reuters em Kiev na última quarta-feira (6), dias depois de vários menores se reunirem com seus pais no oeste da Ucrânia no sábado (2), após uma viagem de volta para casa vindos da Rússia e de áreas controladas por Vladimir Putin. “A pressão internacional sobre a Federação Russa está funcionando”, disse ele. “Portanto, precisamos de algo novo, algo mais forte.” O TPI (Tribunal Penal Internacional) acusou Putin e a Comissária Russa para os Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova, do crime de guerra após a deportação ilegal de centenas de crianças da Ucrânia. A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, negou repetidamente que as suas tropas tenham se envolvido em crimes de guerra ou tenham levado à força crianças ucranianas. No entanto, afirmou que transportou crianças ucranianas para protegê-las dos combates no terreno. • Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram Kiev identificou e verificou quase 20 mil pessoas que foram localizadas, disse Lubinets. As autoridades russas indicaram que há centenas de milhares de crianças ucranianas na Rússia. Svitlana Riabtseva, de 39 anos, fez parte de um pequeno grupo de pais que se reuniram com seus filhos na noite de sábado no oeste da Ucrânia, onde haviam chegado da Rússia através de outros países. Em setembro passado, ela colocou os filhos, agora com 10 e 9 anos, num internato estatal em Kupiansk, que era então ocupada pelas forças de Moscou no leste. Ela voltou cinco dias depois e descobriu que as crianças haviam sido levadas de ônibus para a Ucrânia ocupada pela Rússia. Kupiansk foi libertada em setembro numa contra-ofensiva ucraniana relâmpago na região de Kharkiv. Mas o caos se seguiu e não havia conexão móvel. Ela acabou conseguindo pedir ajuda às autoridades ucranianas que trouxeram as crianças de volta ao território ucraniano no fim de semana passado. “Quando tento falar com eles, eles ainda parecem muito assustados, têm medo de tudo. Eles não falam sobre isso. Mesmo quando tivemos que responder a perguntas (das autoridades), eles não quiseram. Eles disseram: ‘Gostaríamos de esquecer tudo, só queremos estar na Ucrânia’”, contou Riabtseva. Lubinets, porém, afirmou que “não temos um sistema real para os direitos das crianças... todos sabem da situação com as crianças, que a Federação Russa deporta crianças ucranianas e ninguém pode fazer nada de concreto com a Federação Russa".