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Ucrânia recupera região de Kiev, devastada pela guerra com a Rússia

Após não conseguirem tomar a capital, forças russas recuaram e se concentram agora nas regiões leste e sul do país vizinho

Internacional|Do R7

Moradores da cidade de Bucha, próxima de Kiev; prefeito diz que Rússia matou 280 civis na região
Moradores da cidade de Bucha, próxima de Kiev; prefeito diz que Rússia matou 280 civis na região

A Ucrânia anunciou ontem, sábado (2), que recuperou o controle de toda a região de Kiev após quase um mês de ocupação russa, que deixou uma cena apocalíptica e imagens macabras como a de 20 cadáveres espalhados em uma rua de Bucha, a noroeste da capital.

As forças russas, tal como haviam anunciado há alguns dias, reduziram sua presença nas regiões de Kiev e Chernihiv (no norte), após fracassarem em sua tentativa de rodear a capital.

Agora, as forças russas parecem concentrar seus esforços no leste e no sul, cinco semanas após o início da invasão ordenada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 24 de fevereiro.

Em Mariupol (no sul), a Cruz Vermelha continua seus esforços para organizar a evacuação de dezenas de milhares de pessoas presas naquela cidade portuária no mar de Azov, sem comida, água nem eletricidade.


As cidades de "Irpin, Bucha, Gostomel e toda a região de Kiev foram libertadas do invasor", anunciou o vice-ministro da Defesa ucraniano, Ganna Maliar.

O conselheiro presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, disse pouco antes que Moscou mudou "de tática" e agora pretende "manter o controle de vastos territórios ocupados" no leste e no sul e "ganhar uma base poderosa lá".


A retirada russa do norte permitiu verificar a devastação deixada pela guerra.

Em Bucha, os corpos de pelo menos 20 pessoas em trajes civis foram espalhados em uma única rua da cidade, disseram repórteres da AFP.


Um dos cadáveres estava com as mãos amarradas atrás das costas. Os corpos estavam espalhados por várias centenas de metros. Segundo o prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, "todas essas pessoas foram mortas com um tiro na nuca".

Os combates e bombardeios deixaram uma cena apocalíptica, com enormes buracos em prédios residenciais e carros destruídos.

Fedoruk afirmou à AFP por telefone que "280 pessoas tiveram que ser enterradas em valas comuns", pois era impossível fazê-lo em cemitérios, no alcance do bombardeio russo.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) já abriu uma investigação para possíveis crimes de guerra na Ucrânia.

Em entrevista publicada por um jornal suíço, a ex-procuradora internacional Carla Del Ponte pediu ao TPI que emita um mandado de prisão contra Putin, chamando-o de "criminoso de guerra".

Segundo a ONU, mais de 4 milhões de refugiados fugiram da Ucrânia desde a invasão e, no total, há mais de 10 milhões de pessoas deslocadas.

Diante de uma "emergência migratória" agravada, o papa Francisco pediu respostas "compartilhadas" e apontou "algum poderoso" preso em "seus interesses nacionais" como responsável pela guerra, no que foi interpretado como uma alusão a Putin.

O pontífice argentino revelou que pensa em viajar para a Ucrânia e denunciou "as seduções da autocracia" e "os novos imperialismos", que carregam o risco de uma "guerra fria prolongada que pode sufocar a vida de povos e gerações inteiras".

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou que enviou uma equipe a Mariupol para evacuar civis, após uma tentativa fracassada na sexta-feira (1º) porque "as condições tornaram impossível prosseguir" com a operação.

Mariupol sofreu semanas de intensos bombardeios russos, o que resultou em pelo menos 5.000 moradores mortos, segundo autoridades locais, e 160.000 pessoas presas na cidade em ruínas.

Dezenas de ônibus com moradores que conseguiram deixar a cidade chegaram na sexta-feira a Zaporizhzhia, cerca de 200 km a noroeste.

"Choramos quando chegamos. Choramos quando vimos os soldados no posto de controle com emblemas ucranianos nos braços", disse Olena, que carregava sua filha nos braços.

"Minha casa foi destruída, eu vi em fotos. Nossa cidade não existe mais", acrescentou.

Em Energodar, cidade do sul ocupada por forças russas, uma manifestação de moradores que cantaram o hino ucraniano foi violentamente reprimida, deixando quatro feridos, informou um legislador em Kiev.

CONVERSAS PELA PAZ

As negociações de paz entre as autoridades ucranianas e russas continuaram na sexta-feira por videoconferência, mas o Kremlin advertiu que um ataque ucraniano com helicóptero contra um depósito de combustível na cidade russa de Belgorod afetaria as conversações.

Kiev se negou a assumir a autoria do ataque. 

O principal negociador ucraniano, David Arakhamia, garantiu que Moscou aceitou "oralmente" as principais propostas ucranianas e que aguarda uma confirmação escrita. Também informou que as negociações para encerrar o conflito haviam progredido consideravelmente.

De acordo com o Ministério da Defesa britânico, o ataque em Belgorod e os relatos de explosões em depósitos de munição perto daquela cidade agravariam os problemas de abastecimento da Rússia.

Zelenski voltou a insistir no apelo para que o Ocidente forneça mais apoio militar ao país.

"Deem-nos mísseis, aviões", implorou Zelenski na Fox. "Vocês não podem nos dar caças F-18 ou F-19 ou o que vocês têm? Deem-nos aviões soviéticos velhos. Isso é tudo. Deem-me algo para defender meu país."

O Pentágono anunciou que destinará US$ 300 milhões em "ajuda de segurança" para fortalecer a defesa da Ucrânia, além do US$ 1,6 bilhão que Washington já ofereceu desde o início da invasão russa. 

O pacote inclui sistemas de foguetes guiados a laser, drones, munições, aparelhos de visão noturna, sistemas de comunicação tática, equipamentos médicos e peças de reposição.

RÚSSIA SOB SANÇÕES

A Rússia enfrenta sanções ocidentais sem precedentes que levaram empresas multinacionais a abandonar o país. As autoridades americanas afirmaram que a economia russa deve enfrentar uma contração de 10%.

A China, grande aliada comercial da Rússia, negou que evite "deliberadamente" as sanções ocidentais contra Moscou, um dia depois de receber uma advertência da UE de que qualquer apoio de Pequim ao Kremlin prejudicaria as relações econômicas com a Europa.

A economia ucraniana também sofre os efeitos devastadores da guerra: o PIB desabou 16% no primeiro trimestre na comparação com o quarto trimestre de 2021, segundo estimativas do Ministério da Economia.

Tanto Rússia como Ucrânia são grandes produtores agrícolas e de matérias-primas, e seu colapso provoca um forte aumento na inflação no mundo todo.

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