Uganda recebe 7 mil congoleses em meio a denúncias de desvios
Enviada da ONU acusa altos funcionários de 'inflacionar' número de refugiados para desviar recursos que seriam destinado a ações de socorro
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais
Neste sábado (10), Uganda recebeu milhares de refugiados vindos da República Democrática do Congo. Eles atravessaram o lago Alberto de barco, enquanto outros milhares ainda esperam na outra margem.
Eles querem fugir de um conflito tribal no qual vilas inteiras já foram destruídas. E para isso, nada melhor que um país como Uganda, que tem fronteiras abertas e até um ministério para cuidar dos refugiados.
Tanta receptividade, no entanto, vem com um lado mais sombrio. Quatro dos principais funcionários do Ministério de Atenção a Desastres e Refugiados estão sendo acusados de corrupção com recursos que deveriam ser destinados a proteção e integração dos refugiados à sociedade de Uganda.
O escândalo veio à tona no início da semana, quando Rosa Malango, representante da Organização das Nações Unidas (ONU) em Uganda, enviou uma carta ao primeiro ministro Ruhakana Rugunda, fazendo a denúncia de que Apollo Kazungu, Comissário de Refugiados do país, e três de seus principais assessores estavam fraudando a ajuda a refugiados.
Eles comunicariam números inflacionados de refugiados, acima do número real, e ficariam com os recursos que seriam destinados a pessoas que não estariam no país.
A equipe de Rosa Malango foi a alguns dos principais acampamentos de refugiados e viu que não havia tantas pessoas quanto o governo alegava. Na imprensa ugandesa, a notícia foi divulgada pelo jornal Daily Monitor.
No acampamento de Kampala, por exemplo, o número oficial era de 26 mil pessoas, mas na contagem havia apenas 7 mil. Os recursos destinados aos 19 mil restantes estariam sendo desviados por Kazungu e seus cúmplices.
O governo se comprometeu a resolver a questão e abriu uma investigação oficial. Até esta semana, o dado oficial era que Uganda abrigaria 1,4 milhão de refugiados, especialmente da República Democrátida do Congo e do Sudão do Sul, mas até esse número está sob suspeita.
Enquanto isso, a região de Sebagoro, às margens do Lago Alberto, continua recebendo os refugiados do Congo. No vídeo abaixo, um dos voluntários da ONU mostra o tamanho da fila de congoleses esperando os ônibus que os levarão até os acampamentos.
Na galeria abaixo, imagens da chegada dos refugiados.