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Último artigo de jornalista saudita fala sobre liberdade de imprensa

Em seu último texto, o jornalista saudita relembra a esperança que a região sentiu quando a Primavera Árabe teve início em 2011

Internacional|Beatriz Sanz, do R7, com Reuters

O jornalista iria se casar em breve
O jornalista iria se casar em breve

O jornal The Washington Post publicou na noite da última quarta-feira (17), as palavras finais do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que está desaparecido desde o início do mês.

Na introdução do texto, a editora de opinião internacional do veículo, Karen Attiah explica que ela recebeu o texto de um tradutor de Khashoggi, um dia depois de seu desaparecimento no Consulado da Arábia Saudita na Turquia.

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Attiah afirma que esperava que Khashoggi pudesse voltar e editar o artigo com ela, mas que agora ela já sabia que isso não iria acontecer. Segundo ela, o jornalista teria dado sua vida pela liberdade de expressão no mundo árabe.

Em seu último texto, Khasshoggi relembra a esperança que a região sentiu quando a Primavera Árabe teve início em 2011.


"Jornalistas, acadêmicos e a população em geral estavam cheios de expectativas de uma sociedade árabe brilhante e livre em seus respectivos países. Eles esperavam se emancipar da hegemonia de seus governos e das intervenções consistentes e da censura à informação", diz o texto.

Para Khashoggi, quando os governos árabes notaram o poder de mobilização da Internet, eles começaram a censurar essa forma de distribuir informação.


Ele cita seu amigo, o escritor Saleh al-Shehi que está preso, segundo ele, injustamente, por enfrentar o governo saudita.

Por fim, o jornalista sonha com uma iniciativa jornalística "transnacional" que seja capaz de furar as barreiras e informar a população de maneira livre e imparcial. Khashoggi agradece ao The Washington Post por traduzir seus artigos para o árabe, o que facilitaria a compreensão de suas ideias em seu país natal.


Desaparecimento e investigação

O jornalista desapareceu no dia 2 de outubro. Khashoggi foi visto pela última vez quando entrou no consulado saudita na Turquia. Ele buscava por documentos para seu casamento que aconteceria em breve.

Uma semana depois, a imprensa turca começou a divulgar que ele tinha sido morto nas dependências do consulado e exigiam uma investigação.

Segundo o jornal turco Yeni Safak, Khashoggi foi torturado, teve seus dedos arrancados e a sua cabeça foi retirada do seu corpo.

Khashoggi vivia há alguns anos nos Estados Unidos e seu sumiço causou um abalo nas relações entre a Arábia Saudita e os EUA.

Segundo a imprensa internacional, o jornalista foi morto por homens ligados ao príncipe saudita Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS.

O presidente dos EUA, Donald Trump, entrou em contato com MBS e com o rei Salman, que negaram envolvimento no crime. Trump então afirmou que Khashoggi foi morto por matadores de aluguel.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, viajou até o Oriente Médio para acompanhar as investigações e mediar o conflito. Ele se encontrou com a família real na Arábia Saudita e depois viajou para a Turquia. Deixou o país sem dar depoimentos sobre o assunto.

Enquanto isso, veículos de imprensa, empresas e até mesmo os ministros das Finanças da Holanda e da França se recusam a participar de eventos na Arábia Saudita.

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