Uma mulher latina será presidente da Assembleia Geral da ONU
Já o principal cargo da ONU, o de Secretário Geral, nunca foi exercido por uma mulher. Atualmente, cargo é do português Antonio Guterres
Internacional|Beatriz Sanz, com agências internacionais
A eleição para a Assembleia Geral da ONU acontece nesta terça-feira (5), mas o resultado já é parcialmente conhecido: uma mulher latinoamericana conduzirá o maior órgão diplomático do mundo pelo próximo do ano. A disputa está entre a ministra das Relações Exteriores do Equador, María Fernanda Espinosa e a chanceler de Honduras, Mary Flores.
Em 72 anos da instituição, apenas três mulheres assumiram este que é um dos principais postos da diplomacia internacional. A primeira mulher a presidir a Assembleia Geral da ONU foi a indiana Vijaya Lakshmi Pandit, em 1953; a liberiana Angie Brooks, em 1969 e Sheikha Haya Rashed Al-Khalifa, do Bareim, em 2006.
Já o principal cargo da ONU, o de Secretário Geral, nunca foi exercido por uma mulher.
Presidente da Assembleia x Secretário Geral
O Secretário Geral da ONU é o chefe administrativo da entidade e trabalha diretamente com todos os órgãos das Nações Unidas, exercendo um mandato de cinco anos. Entre suas prerrogativas estão as de negociar e mediar conflitos diretamente com os chefes de Estado.
Já o presidente da Assembleia Geral tem a atuação restrita à esse órgão, que é um dos mais importantes da ONU e o único ondetodos os países têm o mesmo poder de decisão. As principais funções da Assembleia Geral são definir o orçamento e definir os nomes não permanentes que vão ocupar o Conselho de Segurança.
Apesar de a eleição ser nesta terça-feira, a vencedora só tomará posse da nova função em setembro, no lugar do eslovaco Miroslav Lajčák, o atual presidente.
Lajčák já admitiu que é preciso incluir as mulheres nos lugares de tomada de decisões dentro da ONU.
A disputa pelo cargo acontece num modelo semelhante ao da Copa do Mundo, onde grupos de países oferecem suas candidaturas. A presidência circula entre cinco grupos: Europa Ocidental, Ásia-Pacífico, África, América Latina e Caribe, Europa oriental e outros países.
As propostas das candidatas
Neste ano, as candidatas puderam apresentar suas propostas de campanha publicamente.
Em um diálogo informal, a equatoriana Espinosa disse que, se eleita, seu trabalho será baseado nos pilares de respeito aos direitos humanos e ao desenvolvimento sustentável.
Espinosa, que também é poeta, aposta na ferramenta do diálogo para conduzir a diplomacia na ONU, nas situações de crise. “A integração, a cooperação e a união dos povos são fundamentais para a convivência pacífica e o desenvolvimento das nações”, afirma.
A ministra do Equador utilizará as políticas bem implementadas de seu país nas áreas de desemprego, refugiados e migração em sua campanha.
Flores, por sua vez, declarou que seu mandato seria regido pelos princípios da Agenda 2030, que são 17 objetivos que a ONU pretende colocar em prática até 2030, visando um futuro melhor.
A hondurenha acredita que esse é momento de “encontrar um equilíbrio entre as necessidades das gerações presentes e as futuras”, define.
Apesar de ser descendente de palestinos, Flores não fez nenhuma questão sobre um dos temas mais espinhosos da diplomacia atualmente.