Unesco declara Babilônia, no Iraque, como Patrimônio Mundial
A Babilônia foi o centro do Império Neobabilônico entre 626 e 539 a.C. Atualmente, 85% dessa história permanece sem ser escavada
Internacional|Da EFE
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) deu nesta sexta-feira (5) o status de Patrimônio Mundial ao sítio arqueológico da Babilônia, cidade 85 quilômetros ao sul de Bagdá (Iraque), após uma intensa polêmica em torno da proposta do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios que recomendava declará-lo Patrimônio Mundial em Perigo.
A decisão foi tomada na 43ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que acontece até a próxima terça-feira em Baku (Azerbaijão).
O comitê emitiu essa resolução depois que um grande grupo de delegações, entre elas uma do Brasil, defendeu o valor histórico e patrimonial da Babilônia e destacaram o espírito de colaboração e a vontade do Iraque de receber uma missão internacional das autoridades.
Embora os graves danos sofridos, especialmente no fim do século XX, o comitê enfatizou que os esforços do Iraque justificavam dar ao país tempo para superar as dificuldades.
Além disso, pediram ao governo para se comprometer a receber uma missão internacional coordenada pelo Icomos.
A única delegação que - embora tenha parabenizado o Iraque - apoiou a proposta do Icomos de declarar a Babilônia simultaneamente Patrimônio Mundial e Patrimônio em Perigo foi a da Espanha.
No relatório prévio aos debates, o Conselho propôs incluir a cidade em ambas as listas porque o "estado da conservação do lugar é muito preocupante e constitui um perigo confirmado diante da ausência de um enfoque de conservação coordenado, com intervenções prioritárias urgentes".
A entidade argumentou que o estado de preservação do local está em muitos pontos em "um nível de decadência e deterioração que representa um risco óbvio ao valor universal extraordinário" que deve justificar cada Patrimônio Mundial.
No entanto, a maioria arrasadora das delegações optou por dar um voto de confiança ao Iraque e apoiá-lo nos esforços para avançar na restauração e na pesquisa.
O espaço possui resquícios arqueológicos dentro e fora da muralha externa da antiga cidade que se destacam por ser um testemunho único de um dos impérios mais influentes do antigo mundo e um dos maiores e mais velhos assentamentos da Mesopotâmia e do Oriente Médio.
Entre os principais monumentos estão o Palácio do Norte, os templos de Esagila, de Nabu, de Ishtar e de Marduk; e as ruínas de Etemenanki.
A Babilônia foi o centro do Império Neobabilônico entre 626 e 539 a.C. Atualmente, 85% dessa história permanece sem ser escavada, mas o que já foi descoberto permitiu obter grandes informações sobre essa época.
O local sofreu sérios danos durante o regime de Saddam Hussein, que promoveu a chamada Missão Renascimento da Babilônia, e posteriormente durante a intervenção militar internacional, que começou em 2003.
Além disso, uma grande variedade de problemas de natureza antropogênica - como saques, construções ilegais e reconstruções inadequadas - e de caráter natural - como erosões -, agravaram o estado de conservação da região.