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União Europeia não pagará em rublos por gás russo e se prepara para cortes de abastecimento

Rússia já interrompeu o abastecimento da Bulgária e da Polônia; Comissão Europeia diz que pagamento em moeda russa representa ruptura de sanções

Internacional|Do R7

As bandeiras da União Europeia são vistas na sede da Comissão da UE em Bruxelas
As bandeiras da União Europeia são vistas na sede da Comissão da UE em Bruxelas

A União Europeia (UE) não pagará em rublos por suas compras de gás da Rússia e se prepara para cortes de abastecimento, afirmou nesta segunda-feira (2) uma fonte próxima à Comissão Europeia no fim de uma reunião de ministros em Bruxelas.

A comissária europeia de Energia, Kadri Simson, disse que a exigência russa de receber pagamentos em rublos é uma "modificação unilateral e injustificada dos contratos, por isso é legítimo recusá-la".

De acordo com Simson, aproximadamente 97% dos contratos assinados por empresas europeias para a compra de gás russo especificam o euro e o dólar americano como moedas de pagamento.

Simson disse que os pagamentos que deveriam ser efetuados em meados de maio se realizarão "em consonância com os contratos".


"Devemos nos preparar para uma suspensão do abastecimento", disse Simson.

A reunião é a primeira do setor desde que Moscou cortou o abastecimento da Polônia e da Bulgária, que se negaram a pagar em rublos por suas importações de gás liquefeito.


No fim do encontro, a Comissão Europeia comunicou aos países do bloco sua convicção de que o pagamento das compras de gás russo em rublos representa uma ruptura das sanções adotadas pela UE contra a Rússia.

No entanto, afirmou que, a pedido dos próprios ministros, a comissão "fornecerá um guia mais detalhado do que as empresas podem ou não podem fazer no âmbito das sanções".


A questão se tornou uma enorme dor de cabeça para a UE: praticamente 40% do gás liquefeito utilizado pela indústria europeia provém da Rússia.

A possibilidade de que a Rússia corte o abastecimento de gás aos países que se neguem a pagar em rublos acende sinais de alerta, e para evitar esse cenário é preciso esclarecer quais seriam as alternativas.

"Pedimos uma explicação clara sobre como proceder", disse ao fim da reunião o ministro da Indústria e Comércio da República Tcheca, Josef Síkela.

Processo "muito complexo"

Khashayar Farmanbar, ministro da Suécia, destacou que "os esclarecimentos estão caminhando, mas o processo é muito complexo".

"Pagar em uma moeda é uma coisa, mas se a operação envolve o banco central de outro país se torna um negócio diferente e será delicado administrar isso. Creio que a Comissão [Europeia] está empenhando seus melhores esforços para esclarecer a questão", afirmou.

Já a ministra polonesa de Ação Climática e Meio Ambiente, Anna Moskwa, disse que a Comissão Europeia "confirmou que pagar em rublos é inaceitável".

Os representantes dos países bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia) e da Dinamarca, Holanda e Finlândia garantiram que não pagarão suas compras de gás russo em rublos.

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Ao chegar à reunião, Moskwa lamentou a decisão da Rússia de cortar o abastecimento de gás da Polônia e da Bulgária.

"Pedimos um embargo imediato sobre o petróleo e o gás russos. Chegou o momento do petróleo, logo será o do gás", disse.

Devido às sanções adotadas pela UE, a empresa russa de hidrocarbonetos Gazprom passou a exigir que os pagamentos sejam feitos em moeda russa, em um procedimento que envolve o banco central do país, contornando as sanções.

Os ministros também discutiram o encerramento gradual das compras de petróleo e derivados russos, mas nenhuma decisão foi adotada sobre o tema nessa reunião.

"Um novo pacote de sanções está em preparação", afirmou a ministra francesa de Transição Ecológica, Barbar Pompili.

E no Panamá, onde está em visita oficial, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, advertiu que "mais bancos russos sairão do [sistema] Swift", uma plataforma crucial para as transações internacionais.

Várias fontes diplomáticas europeias indicaram durante o fim de semana que um dos bancos afetados será o Sberbank, que representa 37% do mercado russo.

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