Uzbequistão derruba análise trágica do impacto da mudança climática na economia; entenda
Artigo na revista Nature afirmava que a produção econômica mundial cairia mais de 60% até 2100
Internacional|Do R7
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A revista Nature retirou na quarta-feira (3) um estudo que projetava perdas muito acima do estimado para a economia global por causa das mudanças climáticas. A remoção ocorreu após a identificação de falhas relevantes nos dados usados pelos autores, o que alterou completamente as conclusões divulgadas em abril.
O artigo afirmava que a produção econômica mundial cairia mais de 60% até 2100 em um cenário de emissões descontroladas de poluentes. Economistas independentes revisaram o material e encontraram um erro significativo relacionado aos dados do Uzbequistão. A exclusão desse país fazia as projeções convergirem para estimativas anteriores que apontavam queda próxima de 23%.
Mesmo com redução inferior, o impacto continuaria severo para a economia global. Pesquisadores que criticaram o estudo defendem que resultados fora do padrão devem ser analisados com mais cautela. Eles afirmam que a literatura econômica já trabalhava com danos relevantes causados pelo aquecimento global nas últimas décadas e que valores muito acima disso exigem validação rigorosa.
No caso da economia do clima, cálculos de longo prazo enfrentam dificuldades específicas. Modelos precisam incorporar efeitos geográficos distintos, eventos climáticos extremos, choques persistentes e interações complexas com a atividade produtiva.
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Os autores do estudo, ligados ao Instituto Potsdam de Pesquisa sobre o Impacto Climático, haviam desenvolvido métodos que ampliavam o escopo das análises anteriores. O trabalho usou dados econômicos em recortes menores, combinou diferentes variáveis climáticas e tentou medir efeitos acumulados ao longo de uma década. Essas escolhas levaram a projeções de danos mais altos e chamaram atenção de organismos internacionais.
A abordagem foi rapidamente incorporada por redes de bancos centrais que testam riscos climáticos no sistema financeiro. A pesquisa também recebeu destaque em organizações multilaterais e em veículos especializados em clima. A repercussão intensificou o escrutínio sobre a metodologia.
Depois das críticas, os autores apresentaram correções e afirmaram que o impacto econômico seria um pouco menor, mas ainda acima do estimado pela maior parte dos estudos. Eles pretendem revisar e reenviar o artigo para a Nature.
Pesquisadores de outras instituições lembraram que a literatura econômica pode estar subestimando alguns efeitos indiretos das mudanças climáticas. O impacto de incêndios na saúde, a elevação do nível do mar sobre o mercado imobiliário e danos difusos ao crescimento de países menos vulneráveis já aparecem em trabalhos recentes com perdas superiores a 40% no fim do século.
Ao mesmo tempo, parte da comunidade científica teme que o campo perca credibilidade em meio a pressões políticas e cortes de financiamento para pesquisas climáticas. Especialistas defendem que modelos mais simples e perguntas mais específicas podem ajudar a evitar conclusões frágeis ou superestimadas.
Entre as sugestões está concentrar esforços em políticas de mitigação de curto e médio prazo, como garantir energia acessível durante a transição energética. A avaliação é que grandes riscos não exigem previsões precisas até o fim do século, mas respostas consistentes e factíveis.
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