Internacional Vacinação avança lentamente na América Latina 100 dias após início

Vacinação avança lentamente na América Latina 100 dias após início

Desde 1º de janeiro deste ano, mais de 19,7 milhões de casos e 475 mil mortes foram registrados na região

  • Internacional | Da EFE

Uma senhora sendo vacinada em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Uma senhora sendo vacinada em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Antonio Lacerda/EFE - 01/04/2021

A América Latina completou nesta quinta-feira 100 dias desde o início da vacinação contra a covid-19, um período marcado por atrasos na distribuição de doses e com aumento de casos em países como Brasil e Chile.

Apesar de um avanço gradual, de acordo com os calendários nacionais de vacinação, o panorama do crescimento do número de casos e mortes preocupa a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), já que a América Latina está se aproximando de uma terceira onda da pandemia do novo coronavírus.

"Desde 1º de janeiro de 2021, houve mais de 19,7 milhões de casos registrados nas Américas, e perdemos mais de 475 mil pessoas na região, o que equivale a mil aviões do tipo 747-8 completamente lotados", disse a diretora da Opas, Carissa F. Etienne.

As vacinas não estão sendo distribuídas de forma eficiente, motivo pelo qual a Opas pediu que este processo seja conduzido de forma mais igualitária.

"Estamos vendo exemplos demais de nacionalismo nas vacinas, o que limita ainda mais a disponibilidade global", acrescentou Etienne.

Segundo a Opas, desde terça-feira "124 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina nas Américas, e mais de 58 milhões completaram o seu calendário de vacinação".

Vacina a conta-gotas no Brasil

O Brasil registrou em março 66 mil mortes por covid-19, mais do que o dobro do número registado em fevereiro. Em meio ao colapso do sistema de saúde, o país reportou 12,75 milhões de casos, reafirmando sua posição como segundo país do mundo com mais óbitos e contágios, atrás dos Estados Unidos.

Além disso, o país conta com a presença das variantes sul-africana — cujo primeiro caso foi relatado ontem pelo governo de São Paulo —, brasileira e britânica, e com um processo de vacinação lento. Apenas 11% da população recebeu a primeira dose, e 3,2% a segunda, um total de quase 19 milhões de vacinas aplicadas.

O Ministério da Saúde informou que nos próximos dias começará a maior distribuição de vacinas de uma só vez desde o início da campanha, com 9,13 milhões de doses destinadas principalmente a profissionas da área de saúde e a pessoas com mais de 65 anos.

México: entre os primeiros a vacinar

O México foi um dos primeiros países a começar a vacinação contra a covid-19, em 24 de dezembro de 2020, mas, devido a atrasos nas entregas, apenas 6,85 milhões de doses foram administradas, e um total de 825.185 pessoas foram imunizadas com as duas doses necessárias das vacinas disponíveis.

O presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, apostou no acesso antecipado à vacina como estratégia fundamental para combater a pandemia. Com mais de de 2,2 milhões de casos e quase 202 mil mortes, o México é terceiro país com mais óbitos pela doença.

López Obrador, que deve se vacinar na próxima semana, disse que o México foi um dos primeiros países do mundo a aplicar a vacina porque previu a tempo a aquisição de imunizantes. No entanto, o ritmo da campanha é lento.

Chile: entre dar o exemplo e fechar as fronteiras

Com quase 6,5 milhões de pessoas já vacinadas pelo menos com uma dose (3,3 milhões com as duas), o Chile é o terceiro país do mundo com a maior percentagem de população vacinada (41,9%), atrás apenas de Israel e dos Emirados Árabes Unidos.

No entanto, ao mesmo tempo em que o ritmo da vacinação segue acelerado, o país tem registrado um agravamento da segunda onda da covid-19, com hospitais à beira do colapso e mais de 80% da população sob uma quarentena rigorosa.

Além disso, o Chile decidiu fechar suas fronteiras durante o mês de abril após superar a marca de 1 milhão de casos desde o início da pandemia em 2020.

Fura-fila e "vacinagate"

Nestes 100 dias, os escândalos relacionados à imunização de pessoas não contempladas pelo calendário oficial de vacinação atingiram a Argentina, que aplicou um total de 4.023.017 doses até quinta-feira (1º), quando foi descoberto que membros do governo e outras personalidades "furaram a fila".

Esse mesmo tipo de situação também ocorreu no Peru, onde foi divulgado que o ex-presidente Martin Vizcarra e outros funcionários públicos receberam a vacina da Sinopharm antes mesmo que ela fosse aprovada pelo Ministério da Saúde, um episódio que ficou conhecido como "vacinagate".

No Equador, casos semelhantes forçaram a demissão de Juan Carlos Zevallos como ministro da Saúde à medida em que a indignação popular crescia devido à maior facilidade de ricos e poderosos se vacinarem antes do resto da população.

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