Venezuela chama de 'provocação' e 'ameaça' a chegada de navio de guerra britânico à Guiana
Envio da embarcação à costa da ex-colônia ocorre em meio a uma disputa entre os dois países que se intensificou recentemente
Internacional|Do R7
O governo da Venezuela condenou nesta quinta-feira (28) a chegada de um navio de guerra britânico à Guiana, um ato que Caracas vê como uma “provocação hostil” e uma “ameaça direta à paz”, em meio à disputa territorial entre os dois países sul-americanos, que se comprometeram recentemente a reduzir as tensões.
Em comunicado, o Executivo de Nicolás Maduro rechaçou categoricamente a chegada do navio HMS Trent à costa da Guiana, algo que já tinha sido anunciado na quinta-feira passada (21) pela emissora britânica BBC.
Na opinião da Venezuela, a presença do navio militar é “extremamente grave”, pois vem acompanhada de declarações do Reino Unido, a quem considera um “despojador” do território disputado, uma vez que a Guiana foi colônia britânica até 1966.
“Estas declarações estiveram igualmente sincronizadas com as ações do Comando Sul dos Estados Unidos, que se tornam claramente uma ameaça direta à paz e à estabilidade da região”, ressalta o comunicado.
Caracas também considera esse ato uma violação dos acordos assinados em 14 de dezembro entre Maduro e o presidente guianense, Irfaan Ali, em São Vicente e Granadinas, onde ambos se comprometeram a não ameaçar um ao outro e a evitar incidentes que provocassem tensões nesse litígio.
Por essa razão, a Venezuela, que “se reserva todas as ações” para “defender a integridade marítima e territorial da pátria”, pediu a Georgetown “que tome medidas imediatas para retirar o navio HMS Trent e se abstenha de continuar a envolver potências militares na controvérsia".
Além disso, alertou a Caricom (Comunidade do Caribe) e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que facilitaram a reunião em São Vicente e Granadinas, que essas ações “são contrárias ao espírito de paz e compreensão” acordado.
A polêmica aumentou depois que a Venezuela aprovou, em 3 de dezembro, em um referendo unilateral, a anexação da região em disputa, uma área de quase 160 mil km² que está sob o controle da Guiana e cuja controvérsia é analisada pelo Tribunal Internacional de Justiça.