Venezuela: Oposição convoca greve, mas empresários não aderem

Muitos pontos comerciais abriram apesar da convocação para greve nacional em protesto contra medidas econômicas de Maduro

21/08/2018 - 13h02 (Atualizado em 20/04/2024 - 14h41)

As ruas da Venezuela ficaram mais tranquilas do que o normal nesta terça-feira (21), mas muitos pontos comerciais abriram apesar de uma convocação da oposição para uma greve nacional em protesto contra medidas econômicas anunciadas pelo presidente Nicolás Maduro.

Na segunda-feira, a Venezuela, que é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), cortou cinco zeros da moeda local em reação à hiperinflação.

O corte dos zeros é parte de um conjunto amplo de medidas concebidas para lidar com a crise econômica, entre elas atrelar a moeda do país a uma criptomoeda estatal obscura.

Críticos da oposição atacaram o plano, que disseram ser inadequado frente a uma inflação que superou 82.000% em julho, e clamaram por uma paralisação de um dia nas atividades comerciais.

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"Não vão trabalhar, vocês têm o direito de protestar, porque o que está em jogo é sua vida, seu futuro e seu país. Rebelem-se!", escreveu o partido opositor Vontade Popular em sua conta de Twitter.

Feriado nacional para reconversão

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Maduro declarou feriado nacional na segunda-feira para bancos e consumidores se acostumarem com o novo esquema dos preços, segundo o qual itens que custavam 1 milhão de bolívares na semana passada passam a valer 10 bolívares.

A Fedecámaras, principal grupo empresarial da nação, rejeitou a proposta "incoerente", observando que o aumento planejado de 3 mil por cento do salário mínimo tornará impossível para as empresas e comércios manterem as portas abertas.

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Mas o grupo não se posicionou diante da greve de iniciativa opositora, dizendo que cada membro deveria decidir por conta própria.

O Ministério da Informação não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

O governista Partido Socialista anunciou uma passeata na manhã desta terça-feira para apoiar as medidas econômicas de Maduro que deve terminar com um evento no palácio presidencial.

Êxodo de venezuelanos

O colapso da economia antes florescente vem provocando doenças e fome e desencadeou um êxodo de migrantes para nações vizinhas.

Nos últimos dias Equador e Peru endureceram as exigências de visto para venezuelanos, e episódios de violência levaram centenas de imigrantes a cruzarem de volta a fronteira com o Brasil.

O descontentamento também se espalha entre os militares, já que os soldados estão tendo dificuldade para obter alimento suficiente e muitos desertam deixando o país.

Maduro diz que seu governo é vítima de uma "guerra econômica" liderada por opositores com a ajuda de Washington, que no ano passado impôs várias rodadas de sanções contra Caracas e autoridades de alto escalão.

A determinação do governo equatoriano, adotada na última quinta-feira (16), de exigir a apresentação de passaporte não tem sido suficiente para diminuir o grande número de venezuelanos que tentam entrar no país, fugindo da crise e da hiperinflação na Venezuela

No último domingo (19), o governo peruano adotou medida semelhante. Isto porque, muitos dos venezuelanos que esperam na ponte internacional de Rumichaca, na fronteira entre a Colômbia e o Equador, têm como destino o Peru, mais ao Sul

A América do Sul, como um todo, tem sido vista pelos venezuelanos como um corredor de salvação. Muitos percorrem milhares de quilômetros, atravessando países como a Colômbia, para tentar sobreviver em outros locais

No domingo, a fronteira entre Colômbia e Equador teve ainda um aumento na tentativa de entrada, a partir do momento em que o governo equatoriano, no domingo (19), abrisse a fronteira para que crianças e adolescentes viajando com os pais pudessem atravessar sem passaportes

Com essa iniciativa a organização não-governamental Unión Venezuelana no Peru enviou uma carta ao Ministério das Relações Exteriores do Peru pedindo que fosse adotada medida que também permitisse o ingresso, sem passaporte, de crianças, gestantes, adolescentes, doentes crônicos e idosos venezuelanos

No mesmo dia em que entrou em vigor a medida do governo do presidente Nicolás Maduro, de tirar cinco zeros da moeda, a intensidade da crise não diminuiu. No último dia 9, o Equador declarara estado de emergência em três províncias

O governo do Equador destacou naquela semana que havia aumentado o número de venezuelanos que buscava acolhida naquele país

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A informação oficial era de que estavam entrando no Equador 4.200 imigrantes venezuelanos por dia. E a situação, no último fim de semana, continuava dramática, tanto no Equador quanto no Peru. Segundo a Reuters, imigrantes até discutiram qual a melhor forma de agir. Uns defendiam a entrada em grupos, sem levar em conta a necessidade de passaporte, e outros afirmavam que o mais eficiente seria entrar da maneira correta, com a devida autorização

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