Venezuelanos enfrentam 'desafios sem precedentes', diz ONU
No mês passado, tropas do governo venezuelano impediram a entrada de comboios de ajuda saídos da Colômbia e do Brasil e apoiados pelos EUA
Internacional|Do R7
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de um quarto dos venezuelanos necessitam de assistência humanitária, segundo um relatório interno da entidade visto pela Reuters nesta quinta-feira (28) e que pinta um quadro aterrador de milhões de pessoas sem alimentos e serviços básicos.
As conclusões do relatório contrastam com comentários do presidente Nicolás Maduro, que disse não haver crise nem necessidade de ajuda humanitária, atribuindo os problemas econômicos do país às sanções dos Estados Unidos.
A ONU se viu no meio de uma batalha política entre Maduro e o líder opositor Juan Guaidó, que tem apoio de Washington e que invocou a Constituição para assumir uma presidência interina em janeiro, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 foi ilegítima.
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No mês passado, tropas do governo venezuelano impediram a entrada de comboios de ajuda saídos da Colômbia e do Brasil e apoiados pelos EUA.
Mas Caracas aceitou ajuda da aliada Rússia.
"A politização da assistência humanitária no contexto da crise dificulta a entrega de assistência de acordo com os princípios de neutralidade, imparcialidade e independência", disse a ONU no relatório de 45 páginas intitulado "Visão Geral das Necessidades Humanitárias Prioritárias" na Venezuela.
O Ministério da Informação venezuelano não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
A avaliação de março de 2019 da ONU usou uma "gama ampla" de fontes – incluindo agências da ONU, a Cruz Vermelha, acadêmicos e a sociedade civil – e é parte de uma iniciativa da entidade global para tentar intensificar sua reação humanitária na Venezuela.
"Muitas ações mais são necessárias para atender às necessidades crescentes do povo venezuelano", diz o relatório, que alertou que a falta de dados oficiais confiáveis dificulta se determinar precisamente a extensão das necessidades.
O documento estima que 94 por cento dos 28,8 milhões de habitantes vivem na pobreza, enquanto cerca de 3,4 milhões de pessoas fugiram e outras 1,9 milhão devem fazê-lo neste ano.
"Devido a uma economia cada vez mais contraída e ao tumulto político, a população venezuelana está enfrentando desafios sem precedentes para acessar serviços essenciais, incluindo proteção, saúde, remédios, vacinações, água, eletricidade, educação e acesso a alimentos", explicou o relatório.