Violência do MS-13 aparece já na iniciação dos novos membros
A publicidade dos atos da gangue é importante para arregimentar novos seguidores, que engrossam as células desta franquia do crime nas Américas
Internacional|Fábio Fleury, do R7
A violência faz parte do cotidiano dos membros do MS-13. Quem quer entrar precisa cometer atos de violência para ser aprovado. Depois há um ritual de iniciação em que o possível membro é espancado pelos colegas. Para ganhar importância dentro da gangue, a pessoa precisa estar disposta a matar e morrer.
É comum que um novo recruta seja obrigado por membros mais velhos a, por exemplo, atacar um inimigo a golpes de facão. Se ele se recusar, pode ser morto pelos colegas, pois quem está fora da gangue é uma testemunha em potencial. Assassinar rivais ou informantes da polícia também é uma atividade comum.
Entre os crimes atribuídos à gangue estão assassinatos de membros dissidentes, de testemunhas e rivais, tráfico de pessoas. Os assassinatos são cometidos de maneira extremamente violenta, com facões e bastões de beisebol.
Leia também
Em algumas ocasiões, alguns chefes de clicas buscaram colocar a gangue no tráfico internacional de drogas, mas a falta de estrutura, a indisciplina e a violência do MS-13 faz com que eles encontrem resistências de outros grupos criminosos.
Os membros acabam ganhando dinheiro com extorsão de comerciantes e pequenos criminosos em seus territórios e sendo muito mais unidos no nível local do que em uma escala maior, como o tamanho da gangue poderia sugerir.
Por outro lado, o código interno do MS-13 proíbe práticas como: roubar da própria gangue, cometer estupros, consumir crack, colaborar com autoridades e até deixar a vida criminosa.
Comparecer a reuniões e esperar autorização de membros mais graduados para cometer crimes são coisas obrigatórias. Em caso de violações graves, os membros são julgados pela própria gangue e as punições vão de espancamentos até a morte.
Propaganda e recrutamento
De acordo com os pesquisadores da Insight Crime, a violência funciona como uma “cola” que mantém o MS-13 unido. Está em todas as etapas da vida de um membro da gangue.
Por isso, a publicidade dos atos da gangue é tão importante para arregimentar novos seguidores. O grafiti e as tatuagens funcionam como forma de indentificação e de comunicação. O MS-13 estilizado, tatuado em qualquer parte do corpo, inclusive o rosto, acabou virando uma marca da franquia.
Mas qualquer publicidade ajuda. Dessa maneira, quando alguém como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chama publicamente os membros da gangue de "monstros", acaba aumentando o status do MS-13 no mundo do crime.
"Para a gangue, não faz diferença se a publicidade é boa ou ruim. Quanto mais ameaçadora a gangue parece, mais fácil para eles é recrutar, intimidar e sair impune dos crimes que cometem, porque as pessoas têm medo de denunciar", diz Clara Long, advogada e pesquisadora da organização Human Rights Watch.