Internacional Xi Jinping exalta poder chinês sobre Hong Kong no 25º aniversário da volta da região ao controle do país

Xi Jinping exalta poder chinês sobre Hong Kong no 25º aniversário da volta da região ao controle do país

Cerimônia comemorativa incluiu a posse do novo governo da cidade; presidente da China enfatizou democracia, apesar da forte repressão contra a oposição local 

AFP

Resumindo a Notícia

  • Esta é a primeira vez que Xi sai da China continental desde a pandemia de Covid-19
  • Acordo com a Grã-Bretanha estabeleceu sistema conhecido como "um país, dois Sistemas"
  • Secretário de Estado dos EUA lamentou a "erosão da autonomia" na cidade
  • Visita de Xi acontece em sistema de circuito fechado monitorado contra a Covid-19
O presidente da China, Xi Jinping, faz um discurso em Hong Kong

O presidente da China, Xi Jinping, faz um discurso em Hong Kong

Selim Chtayti/AFP - 01.07.2022

O presidente da China, Xi Jinping, exaltou nesta sexta-feira (1°) o poder do governo chinês sobre Hong Kong ao liderar as celebrações do 25º aniversário do retorno da ex-colônia britânica ao controle de Pequim.

Na cerimônia, que incluiu a posse do novo governo de Hong Kong, Xi enfatizou o controle do Partido Comunista Chinês sobre a cidade depois da forte repressão contra o movimento pró-democracia local.

Desde que Pequim impôs, em 2020, uma lei de segurança nacional, a oposição foi anulada e várias figuras pró-democracia fugiram da cidade, foram afastadas do poder ou detidas.

Mas em seu discurso Xi disse que Pequim sempre agiu "pelo bem de Hong Kong". "Depois de reunificar-se com a pátria mãe, os habitantes de Hong Kong se tornaram os mestres de sua própria cidade", disse. "A verdadeira democracia de Hong Kong começou nesse momento."

Esta é a primeira vez que Xi viaja para fora do território continental chinês desde o início da pandemia de Covid-19 e também a primeira em que visita Hong Kong desde os grandes protestos de 2019.

As comemorações desta sexta-feira começaram com uma cerimônia de hasteamento da bandeira e a passagem de aviões militares, além de uma flotilha naval.

Xi não compareceu ao evento. A imprensa local informou que ele passou a noite na cidade chinesa de Shenzhen e retornou a Hong Kong na manhã de sexta-feira.

Erosão da autonomia


Esta sexta-feira também marca o ponto intermediário no modelo de governo de 50 anos acordado pela Grã-Bretanha e pela China, sob o qual Hong Kong manteria a autonomia e liberdades fundamentais — um modelo conhecido como "um país, dois sistemas".

O aniversário da devolução britânica era um exemplo dessas liberdades em ação. Durante décadas, a cada 1º de julho, centenas de milhares de pessoas se reuniam em uma passeata para expressar críticas políticas e sociais.

Mas o protesto, assim como outros eventos com aglomerações em Hong Kong, foi proibido nos últimos dois anos devido às restrições que vieram com a pandemia de Covid-19.

Críticos afirmam que a repressão, reforçada por uma lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020, quebrou a promessa chinesa de que Hong Kong manteria seu modo de vida após a transferência da Grã-Bretanha para a China.

"Nós fizemos uma promessa ao território e ao seu povo e pretendemos mantê-la, fazendo todo o possível para que a China cumpra os seus compromissos", disse o primeiro-ministro britânico Boris Johnson nesta quinta-feira (30).

Nos Estados Unidos, o secretário de Estado, Antony Blinken, lamentou a "erosão da autonomia" na cidade: "Nós nos solidarizamos com o povo de Hong Kong e reforçamos os pedidos de retorno das promessas de liberdade".

O primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, disse que a liberdade e a democracia desapareceram em Hong Kong.

Mas Xi insistiu que o princípio "um país, dois sistemas" é "um bom sistema". "Não há razão alguma para mudar e deve ser mantido a longo prazo", declarou, antes de argumentar que ele resguarda "a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do país".

Circuito fechado


A visita de Xi acontece em um sistema de circuito fechado amplamente monitorado. Aqueles que entraram na órbita do presidente — desde as crianças que o recepcionaram na estação de trem até os funcionários de alto escalão do governo — foram obrigados a limitar os contatos sociais, fazer testes diários de PCR e passar dias em um hotel de quarentena.

As autoridades também anunciaram a detenção de nove pessoas na última semana. Mais de dez membros e voluntários da LSD (Liga de Social-Democratas), um dos poucos grupos de oposição que restam em Hong Kong, foram proibidos de protestar e seis integrantes afirmaram que suas casas tinham recebido a visita das forças de segurança.

Mas as autoridades tentam apresentar a imagem de apoio público às celebrações com faixas que proclamam uma nova era de "estabilidade, prosperidade e oportunidade" em toda a cidade.

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