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Xiomara Castro assume como 1ª mulher presidente de Honduras

Nova mandatária afirmou que pretende reduzir o número de pessoas que deixam o país por causa da pobreza e violência

Internacional|Do R7

Xiomara Castro prometeu combater o tráfico de drogas e o crime organizado no país
Xiomara Castro prometeu combater o tráfico de drogas e o crime organizado no país

A esquerdista Xiomara Castro tomou posse nesta quinta-feira (27) como a primeira mulher presidente de Honduras, um país afetado pela pobreza, emigração, narcotráfico e corrupção, o qual prometeu refundar como um Estado "democrático".

"Neste dia histórico informarei a nação (...) sobre a tragédia social e econômica que Honduras enfrenta e sobre a minha proposta de refundação do Estado socialista e democrático", disse Castro em seu primeiro discurso à nação, no Estádio Nacional de Tegucigalpa.

Ela assegurou que os esforços de sua gestão até 2026 estarão concentrados em "educação, saúde, segurança e emprego".

Recebe o país "na bancarrota", disse. A dívida pública de Honduras chega a 17 bilhões de dólares (cerca de R$ 92 bilhões), dos quais US$ 11 bilhões (cerca de R$ 60 bi) são compromissos com instituições internacionais.


A nova presidente foi empossada perante a juíza Carla Romero, acompanhada de Luis Redondo, presidente do Congresso reconhecido pela chefe de Estado, após uma crise parlamentar. O congressista colocou nela a faixa presidencial diante de 29.000 pessoas.

Aos 62 anos e esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, que assumiu o cargo em 2006 e foi destituído em 2009, Xiomara Castro pôs fim a uma supremacia de 12 anos do Partido Nacional (PN, de direita), com uma coalizão liderada por seu partido, Liberdade e Refundação (Libre).


A cerimônia de posse contou com convidados importantes, como a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o rei da Espanha, Felipe 6º, e o vice-presidente de Taiwan, William Lai.

Migração

Xiomara Castro promete mudanças profundas em um país onde a pobreza atinge 59% de seus quase 10 milhões de habitantes, segundo cifras oficiais de 2019, apesar de a ONG Fórum Social da Dívida Externa e Desenvolvimento de Honduras (Fosdeh) situar esse número em 71%, segundo dados de 2021.


Ela mencionou 74%. "Essa cifra por si só explica a caravana de milhares de pessoas de todas as idades, que fogem para o norte, México e Estados Unidos, procurando um lugar e uma forma de subsistir sem importar o risco para sua vida", destacou.

O país também registra alta taxa de homicídios, de quase 40 por 100.000 habitantes, provocada por cartéis de drogas e outros grupos criminosos, à qual se soma a pandemia, gerando um grande fluxo migratório para os Estados Unidos, com hondurenhos em busca de emprego.

Nesse sentido, Xiomara se reunirá nesta quinta-feira com Kamala Harris para "abordar as causas profundas da migração na América Central", segundo detalhou em Washington um funcionário do alto escalão do governo americano.

Entre a multidão que comemorava a posse de Castro, a costureira Esther López se disse esperançosa de que a situação "vá mudar porque Xiomara vem apoiando a causa dos pobres há muitos anos e por 'Mel' Zelaya, que foi um bom presidente".

Confusão no Parlamento

Para concretizar seus planos de governo, Xiomara precisa do apoio do Parlamento, onde não tem maioria absoluta. E, para piorar, duas alas rivais do Libre decidiram eleger cada uma seu próprio presidente do Congresso, o que gerou uma crise. No entanto, o panorama agora parece estar ficando mais claro.

O legislador rebelde Jorge Cálix, que também se proclamou presidente do Legislativo, apoiado por opositores de direita e cerca de 20 dissidentes do Libre, ainda não respondeu à oferta para assumir um cargo no governo. No entanto, publicou uma foto dele com Xiomara Castro e disse estar certo de que ela "vai transformar Honduras".

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O discurso socialista dela foi visto com cautela pela oposição.

"Há uma guinada à esquerda, produto da ideologia dos Zelaya. Seus principais aliados são Cuba e Venezuela, e querem 'tapar o olho do macho' [dissimular] com a chegada da vice-presidente [dos Estados Unidos], Kamala Harris, mas afinal há muitos compromissos deles com a Venezuela", declarou à AFP David Chávez, líder do PN.

No entanto, Eugenio Sosa, sociólogo da Universidade Nacional, considerou que "os Estados Unidos entenderam que ela não representa uma esquerda radical e sim uma esperança para o povo hondurenho".

Xiomara Castro precisa de apoio internacional para renegociar uma dívida externa de 11 bilhões de dólares. Para o ex-chanceler Edgardo Paz, esse tema passa por um acerto "com as instituições multilaterais, onde Washington tem muita influência".

Harris disse que sua visita será "uma oportunidade" para aprofundar a cooperação em temas-chave, "da luta contra a corrupção à recuperação econômica".

Ministros

"Chega de esquadrões da morte, chega de silêncio ante os feminicídios, chega de pistolagem, chega de narcotráfico, do crime organizado", disse a presidente recém-empossada.

Seu antecessor, Juan Orlando Hernández, foi apontado por promotores de Nova York por manter vínculos com o narcotráfico. Seu irmão, o ex-deputado "Tony" Hernández, cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos por esse crime. Os dois negam as acusações.

"É crucial que Castro tenha um gabinete com histórico de honestidade, porque há toda uma história de vínculos com o crime organizado do partido que está deixando o governo", comentou Sosa.

Xiomara anunciou hoje alguns de seus futuros ministros, entre eles o chanceler, Eduardo Enrique Reina, e a ministra de Finanças, Rixi Moncada. Ela terá como secretário particular seu filho, Héctor Zelaya, e como ministro da Defesa José Manuel Zelaya, sobrinho de seu marido. Em Honduras não há lei contra o nepotismo.

Seu marido a acompanhou a todo momento. Com ele, antes da posse, circulou pela cidade em um carro conversível.

"Voltamos para o local de onde nos tiraram há 12 anos. Graças ao povo, graças ao povo. Graças a Deus e graças ao povo", disse o ex-presidente Zelaya ao entrar no Palácio Presidencial para um almoço com convidados.

Zelaya foi deposto em 2009 por uma aliança cívico-militar após se aproximar do chavismo.

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