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Zelenski acusa Rússia de 'genocídio' após descoberta de corpos em Bucha

Presidente da Ucrânia discursará ao Conselho de Segurança da ONU nesta terça-feira (5) sobre mortos em cidade próxima a Kiev

Internacional|Do R7

Volodmir Zelenski visitou a cidade de Bucha, com forte escolta do Exército ucraniano
Volodmir Zelenski visitou a cidade de Bucha, com forte escolta do Exército ucraniano

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, pediu, nesta segunda-feira (4), que se reconheça o "genocídio" supostamente promovido pelas tropas russas, no qual centenas de corpos foram encontrados perto de Kiev, provocando duras condenações e apelos para intensificar as sanções contra Moscou.

"São crimes de guerra e serão reconhecidos como genocídio", disse Zelenski à mídia em Bucha, cidade ao noroeste da capital onde, no último fim de semana, foram encontradas dezenas de corpos vestidos como civis, alguns com as mãos amarradas nas costas.

"Vocês estão aqui hoje e veem o que aconteceu. Sabemos que milhares de pessoas foram assassinadas e torturadas, com os membros decepados, as mulheres estupradas, as crianças assassinadas", disse, vestindo um colete à prova de bala.

Zelenski discursará nesta terça-feira (5) em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Ucrânia, que se concentrará a respeito dos corpos encontrados na cidade de Bucha.


A Rússia nega responsabilidade e sugeriu que as imagens eram montagens. É uma "provocação perversa de radicais ucranianos", reagiu o embaixador-adjunto da Rússia nas Nações Unidas.

Os Estados Unidos, no entanto, disseram que vão buscar a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos do órgão internacional e o presidente Joe Biden pediu um "julgamento por crimes de guerra".


A alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, "horrorizada" com as imagens de Bucha, pediu que todas as evidências fossem preservadas.

"Enterramos todos"

Ao recuperarem Bucha, as tropas ucranianas encontraram dezenas de corpos espalhados pelas ruas. A procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, afirmou que já abriu uma investigação. Anteriormente, Venediktova havia assinalado que foram recuperados os corpos de 410 civis.


O prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, disse à AFP que 280 corpos foram levados a valas comuns porque era impossível enterrá-los nos cemitérios ao alcance dos disparos.

O servidor público Serhii Kaplychnyi disse à AFP que as forças russas inicialmente se recusaram a permitir que os moradores enterrassem seus mortos em Bucha.

"Disseram que, enquanto estivesse frio, deveríamos deixá-los lá", afirmou. Quando finalmente conseguiram recuperar os corpos, "cavaram uma vala comum", contou.

A Ucrânia também acusou a Rússia de "tratamentos desumanos" aos prisioneiros de guerra.

Guerra em Donbass

No leste, especialmente no Donbass controlado pela Ucrânia, a situação é "tensa", disse o governador da região.

O exército está pronto para enfrentar as forças russas e a população civil deve se retirar o mais rápido possível, admitiu Pavlo Kyrylenko, em coletiva de imprensa em Kramatorsk.

Nesta cidade, mulheres, crianças e idosos embarcaram em trens no fim de semana para sair da região.

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"O rumor é que algo terrível está por vir", comentou Svetlana, uma voluntária que organizou a multidão na plataforma da estação. O pior conflito da Europa em décadas, causado pela invasão russa em 24 de fevereiro, deixa 20 mil mortos até o momento, segundo dados ucranianos.

Novas sanções

Nesta segunda-feira, a União Europeia começou a debater com "urgência" uma nova rodada de sanções contra Moscou, informou o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell.

O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que há "indícios muito claros de crimes de guerra" em Bucha. Em uma entrevista à rádio francesa, afirmou que as medidas poderiam apontar contra o setor do petróleo e carvão russos, mas se absteve de mencionar o gás, tema que divide os europeus.

"Temos que implementar sanções fortes, mas, a curto prazo, o fornecimento de gás russo é insubstituível", disse, por sua vez, o ministro alemão das Finanças, Christian Lindner. Interrompê-lo "nos prejudicaria mais do que a Rússia", acrescentou.

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