Zelensky afirma que Ucrânia pode realizar eleições nos próximos 90 dias
Presidente solicita apoio dos EUA e aliados europeus para garantir a segurança necessária
Internacional|da CNN Internacional
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta semana que seu país poderia estar pronto para realizar eleições nos próximos 60 a 90 dias se a segurança pudesse ser garantida, em uma tentativa de responder às acusações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que ele está usando a guerra com a Rússia para se agarrar ao poder.
Diante da crescente pressão do presidente americano para pôr fim ao conflito, Zelensky disse que estava “pronto para eleições”, mas que a segurança era uma preocupação.
“Como isso pode ser feito sob ataques de mísseis contra nossas forças militares? A pergunta é: como eles vão votar?”, disse na terça-feira (9).
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“Estou pedindo, e agora declaro abertamente, que os Estados Unidos, juntamente com nossos colegas europeus, me ajudem a garantir a segurança para as eleições”.
Zelensky foi eleito por ampla maioria nas eleições presidenciais de abril de 2019 e dissolveu o Parlamento quando assumiu o cargo um mês depois.
Seu partido, Servo do Povo, obteve a maioria absoluta nas eleições parlamentares de julho do mesmo ano.
Menos de três anos depois, em fevereiro de 2022, a Rússia lançou sua invasão em grande escala e a popularidade de Zelensky disparou: pesquisas indicaram que 90% dos ucranianos diziam confiar nele.
Embora sua aprovação esteja hoje bastante abaixo dos níveis de 2022, manteve-se relativamente estável nos últimos anos.
A resposta curta: a lei marcial as proíbe.
A Ucrânia tinha previsto realizar eleições presidenciais em 2024, mas a lei marcial foi declarada após a invasão em grande escala da Rússia para permitir que o país resistisse ao avanço das forças russas e, desde então, tem sido prorrogada em incrementos de 90 dias mediante decretos presidenciais.
Zelensky e outros funcionários ucranianos disseram repetidamente que as eleições serão realizadas assim que a guerra terminar e os padrões internacionais de votação puderem ser cumpridos.
É um momento delicado nas negociações de paz. A Ucrânia se prepara para apresentar suas revisões a um plano de paz impulsionado pelo enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e seu genro, Jared Kushner.
Um plano de paz inicial de 28 pontos, criticado por favorecer amplamente as demandas maximalistas da Rússia, foi reduzido a 20 pontos, mas a questão chave do território permanece sem solução.
Zelensky enfrenta uma pressão contínua e crescente de Trump para fazer concessões, e esta parece ser uma das frentes que o presidente americano está usando.
Em vez de ceder à pressão, a nova abordagem de Zelensky parece orientada a destacar a necessidade de garantias de segurança e usar isso para pressionar os Estados Unidos a conseguir que a Rússia aceite um cessar-fogo provisório.
Chamar Zelensky de ilegítimo e questionar seu mandato tem sido uma das bases da propaganda russa desde 2024, quando o mandato do presidente ucraniano deveria terminar.
Essa narrativa já havia aparecido antes em comentários de funcionários do gabinete americano. Agora, Trump acusa Zelensky de usar a guerra para evitar eleições.
Defensores de eleições apontam que o histórico de interferência da Rússia torna ainda mais importante realizar pleitos quando puderem cumprir os padrões internacionais.
“Trata-se da reputação e da legitimidade do Estado ucraniano tal como é. Sem legitimidade, este Estado não sobreviverá, porque a Rússia destruirá nossa reputação e então seremos um Estado falido”, disse Olha Aivazovska, do grupo de reforma eleitoral Opora Civil Network.
Alguns analistas, no entanto, dizem que realizar eleições agora provocaria um grande limbo político, e o caos é precisamente onde a Rússia prospera.
Enquanto a Ucrânia continuar sob lei marcial, não existe um quadro normativo para realizar eleições. Zelensky disse que pedirá mudanças na lei, mas os desafios práticos e logísticos continuariam sendo enormes.
Com mais de 5,9 milhões de refugiados no exterior, segundo a ONU, e 4,4 milhões de pessoas deslocadas dentro do país, segundo o Governo, atualizar e verificar os registros eleitorais seria uma tarefa gigantesca.
A guerra também causou um dano enorme à infraestrutura eleitoral. Apenas 75% dos centros de votação da Ucrânia estão atualmente operacionais, segundo Serhiy Dubovyk, vice-diretor da Comissão Eleitoral da Ucrânia, que falou com a CNN Internacional antes dos últimos comentários de Zelensky.
Quase 1 milhão de ucranianos estão servindo nas Forças Armadas, muitos nas linhas de frente, e é difícil ver como poderiam votar sem uma interrupção garantida dos combates.
Dubovyk disse que cumprir os padrões internacionais para uma eleição livre e justa na Ucrânia exigiria seis meses de preparação. Se forem realizadas antes, “é impossível garantir plenamente o cumprimento de todos os padrões internacionais”, afirmou.
Ucranianos entrevistados pela Reuters após os comentários do presidente foram bastante unânimes: focar na guerra, não nas eleições.
“As pessoas nas trincheras teriam que votar de alguma forma; levarão urnas para as trincheiras?”, disse Roman, um aposentado de 61 anos, identificado apenas pelo primeiro nome. “Parece-me que devemos terminar a guerra primeiro e só depois realizar eleições”.
Lana, uma funcionária de uma livraria de 25 anos, disse que as opiniões de Trump não eram relevantes.
“Em nosso país está estipulado que durante a lei marcial não são realizadas eleições”, disse. “Apoio que as eleições sejam realizadas ao final da lei marcial, após nossa vitória, como deve ser”.
É difícil ver como poderiam ser realizadas. Partes da Ucrânia continuam sob ocupação. A cada dia, drones e mísseis de cruzeiro e balísticos atingem cidades e vilas, causando mortes e destruição.
A capital da Ucrânia e outras cidades principais ficam regularmente mergulhadas em apagões prolongados e persistentes, já que a infraestrutura elétrica e de gás é atacada, e as forças russas continuam tentando capturar território no leste.
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