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Modelagem de nicho ecológico: a ferramenta que ajuda a combater pragas

Entenda a importância dessa técnica para a proteção das plantações e da biodiversidade

The Conversation

The Conversation|Fernanda de Aguiar Coelho

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A modelagem de nicho ecológico permite prever a ocorrência de pragas em plantações antes de sua chegada.
  • Esta ferramenta é utilizada para planejar o manejo de pragas agrícolas e florestais, contribuindo para a saúde pública e controle de doenças transmitidas por insetos.
  • Os modelos de nicho analisam dados de ocorrências de espécies e variáveis climáticas para estimar a distribuição potencial das mesmas.
  • A modelagem ajuda a antecipar riscos ambientais e orienta políticas de manejo, promovendo a proteção da biodiversidade e a sustentabilidade agrícola.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A modelagem de nicho ecológico se destaca como uma ferramenta estratégica para antecipar riscos em plantações Reproduçã/Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo

Você sabia que é possível prever, com ajuda da ciência, se uma praga pode atacar uma plantação, antes mesmo de ela chegar no local?

Essa previsão é possível graças a uma ferramenta conhecida como modelagem de nicho ecológico, cada vez mais usada por pesquisadores e instituições governamentais para antecipar riscos ambientais e planejar o manejo de pragas agrícolas e florestais.


Com o avanço da globalização, e o significativo aumento das relações comerciais entre os países, as mudanças climáticas e as invasões biológicas também se intensificaram.

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Invasão biológica é a entrada e dispersão de uma espécie em um ambiente onde ela não existia, causando desequilíbrio ecológico.


Nesse sentido, entender onde uma espécie pode sobreviver e se espalhar é fundamental, tanto para pragas quanto para seus inimigos naturais, como insetos que atuam no controle biológico.

Mas afinal, o que é nicho ecológico? E como a modelagem funciona na prática?


A definição de nicho ecológico

O primeiro conceito de nicho ecológico foi descrito em 1917, pelo biólogo americano Joseph Grinnell, e foi caracterizado como os locais que uma espécie pode sobreviver, considerando fatores fisiológicos, alimentares e interações com outros indivíduos.

Atualmente, o termo é descrito como o papel ecológico que uma espécie ocupa dentro de um ecossistema, as condições necessárias para a sua sobrevivência e interação com outros organismos.


Estamos falando de temperatura, umidade e luz. Estamos falando da função ecológica da espécie dentro do ecossistema (polinizadora ou decompositora, por exemplo).

E também das interações com outras espécies (como competição, predação e mutualismo) e como essas relações afetam sua presença no ambiente

Podemos dividir esse nicho em duas partes:

  • Nicho fundamental: são todas as condições ambientais em que uma espécie poderia viver, sem considerar limitações como inimigos naturais ou competição.
  • Nicho realizado: representa onde a espécie realmente vive, considerando fatores ecológicos, geográficos e biológicos.

Modelos de nicho ecológico como o CLIMEX e o MaxEnt, utilizam dados de ocorrência da espécie (locais onde ela já foi registrada) e variáveis climáticas para estimar a distribuição potencial das espécies.

Tais modelos utilizam o nicho fundamental como base teórica, pois não consideram as interações com outras espécies.

Portanto, os modelos conseguem prever onde existem condições ambientais ideais para a espécie de estudo, mas não consideram fatores como competição, barreiras geográficas, dispersão e inimigos naturais.

Como funciona a modelagem?

Os modelos são, em geral, representações simplificadas de fenômenos complexos.

Na ecologia, essas ferramentas permitem que pesquisadores insiram dados reais (como registros de campo e variáveis ambientais) para simular a distribuição potencial de uma espécie no espaço geográfico, no clima atual ou em cenários de mudanças climáticas futuros.

Com esses modelos, é possível:

  • Prever onde uma praga pode se estabelecer, mesmo em locais onde ela ainda não chegou.
  • Avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre a distribuição de espécies.
  • Identificar áreas vulneráveis à invasão de espécies exóticas, ajudando a traçar estratégias de prevenção.
  • Planejar o controle biológico, identificando regiões onde um inimigo natural pode ser introduzido com sucesso.
  • Apoiar políticas públicas voltadas para a conservação da biodiversidade e a segurança fitossanitária.

Essas ferramentas têm sido aplicadas, por exemplo, no combate a pragas que atacam culturas agrícolas e florestais importantes, como soja, milho e eucalipto.

Além disso, podem auxiliar diretamente no bem estar e saúde pública, como na prevenção da disseminação de doenças transmitidas por insetos, como a dengue.

Essa doença é um problema recorrente em muitas regiões do Brasil, e tende a se intensificar nos meses mais quentes do ano, quando o clima favorece a proliferação do mosquito.

Por que a modelagem de nicho ecológico é importante?

A agricultura e a silvicultura brasileiras sofrem constantemente com o avanço de pragas e doenças.

Muitas dessas espécies são exóticas, ou seja, não pertencem originalmente ao nosso ecossistema, e acabam se estabelecendo sem predadores naturais, causando desequilíbrios e prejuízos ambientais, sociais e econômicos.

Além do impacto negativo no setor produtivo, tais ferramentas desempenham um papel fundamental na área de saúde pública, sendo úteis na prevenção e na disseminação de vetores de doenças, por meio do suporte a estratégias de vigilância e controle.

No entanto, a modelagem de nicho ecológico se destaca como uma ferramenta estratégica para antecipar riscos, orientar políticas de manejo e subsidiar ações preventivas, contribuindo diretamente para a proteção da biodiversidade, a segurança alimentar e a sustentabilidade dos sistemas produtivos.“

Fernanda de Aguiar Coelho não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.

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