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Damares pede explicações à ABDI sobre uso de recursos para promover nome do presidente da entidade

Documentos revelam o aumento de gastos e de publicações com ataques a adversários políticos

JR na TV|Do R7

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A senadora Damares Alves pediu explicações à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial sobre o uso de recursos públicos para projeção do nome do presidente da entidade, Ricardo Capelli, a uma possível candidatura ao governo do Distrito Federal. Documentos revelam o aumento de gastos e de publicações com ataques a adversários políticos.  

Documentos obtidos pelo Jornal da Record mostram que em setembro do ano passado Ricardo Capelli assinou um aditivo de contrato da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial da qual é presidente desde fevereiro de 2024 com uma agência de comunicação, prorrogando a prestação de serviços da Abdi com a agência por 12 meses. Em fevereiro houve mais um aditivo, aumentando os valores em 25%, chegando a mais de R$ 8,1 milhões. Sete dias depois Ricardo Capelli lançou novo site e mudou o posicionamento nas redes sociais com ataques a adversários políticos tiveram início no fim de setembro do ano passado.  

Essa agência é uma das maiores do país e é especializada em gestão de mídias sociais para empresas, órgãos públicos e figuras políticas. De acordo com dados do portal da transparência da Abdi, entre outubro de 2022 e fevereiro de 2024 - período anterior à gestão de Capelli - a instituição pagou quase R$ 2 milhões para a agência, média mensal de quase R$ 115 mil. Após a posse de Capelli, entre fevereiro de 2024 e setembro de 2025, os pagamentos totalizaram quase R$ 11 milhões, o que elevou a média mensal para R$ 560 mil. Ou seja, um aumento de 386%.  

As postagens feitas por Ricardo Capelli, de cunho eleitoral, inclusive com ataques a adversários políticos, têm sido impulsionadas, ou seja, pagas para que alcancem mais público. Relatórios de uma agência especializada indicam que, entre agosto do ano passado e outubro de 2025, Ricardo Capelli pagou impulsionamento em quase 800 publicações em várias redes e mídias sociais. O gasto médio estimado foi de R$ 188 mil e o alcance de 29 milhões de impressões.  

Até fevereiro deste ano, o telefone cadastrado para os contratos de impulsionamento com as redes sociais era o de Bruno Trezena, que é gerente de comunicação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial na gestão de Ricardo Capelli. Bruno é jornalista e já trabalhou no gabinete da deputada federal Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil. Ele também ministra cursos sobre a criação de memes e trabalhou na agência de comunicação que presta serviços a Abdi. O Facebook informa que a página contém 11 administradores. Situação típica de quando a mídia social é controlada por agências de comunicação.  

Ricardo Capelli é filiado ao partido socialista brasileiro. Antes foi ministro-chefe interino do gabinete de segurança institucional da presidência da República. No governo do presidente Lula também atuou como secretário-executivo do ministério da Justiça, na gestão de Flávio Dino, e foi interventor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal após os atos de 8 de janeiro de 2023. A pretensão política de Ricardo Capelli é o governo do Distrito Federal.  

No entanto, há indícios de que ele tem usado o cargo, os recursos e funcionários pagos com dinheiro público para antecipar a campanha eleitoral e atacar adversários para conquistar votos. O bunker digital de Capelli funcionaria na sede da Agência de Desenvolvimento Industrial, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.  

Todas essas informações levaram a senadora Damares Alves a pedir explicações ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços sobre as denúncias de que Ricardo Capelli montou uma estrutura paralela de comunicação dentro da Abdi para fazer campanha política. A denúncia de uso de recursos e estruturas da Abdi vai ser encaminhada à Controladoria-Geral da União.  

Já o deputado distrital, Daniel de Castro, protocolou um pedido de informações ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a qual a Abdi está subordinada ligada.  

O parlamentar quer saber os horários de trabalho de Capelli e o motivo pelo qual ele tem feito postagens políticas durante o expediente. Também existem suspeitas de crimes que podem ter sido cometidos por Ricardo Capelli, como abuso de poder econômico, propaganda eleitoral antecipada e violência política de gênero. 


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