Afetados por Brumadinho (MG) reclamam de corte no auxílio
Em protesto, moradores de São João de Bicas, na região metropolitana de BH, denunciam que a Vale cortou pagamentos e distribuição de água na região
Minas Gerais|Regiane Moreira, da RecordTV Minas com Luíza Lanza*, o R7
Famílias de São Joaquim de Bicas, um dos 34 municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, levaram à Defensoria Pública uma reclamação de que a mineradora Vale teria alterado o pagamento do auxílio-emergencial. O benefício é destinado aos afetados, direta e indiretamente, pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019.
O pedreiro Moisés Vieira Nunes é morador do Residencial Fhemig, no município da Grande BH, e organizou, junto aos vizinhos, um protesto contra a empresa, seguindo as orientações de distanciamento entre as pessoas e a utilização de máscaras.
— Desde julho do ano passado, minha mulher e meus meninos não recebem [o auxílio]. O meu, depois de janeiro, cortaram pela metade, só estou recebendo R$ 500. Ninguém explica nada, não temos resposta de nada.
Leia mais: Vale deve pagar R$ 5 mi a jovem que perdeu família
Os valores pagos variam para adultos, adolescentes e crianças conforme o acordo realizado entre a mineradora, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) e o Governo de Minas. Mas os moradores alegam que nem tudo está sendo cumprido, já que muitos não estão recebendo ração ou água, que, segundo eles, são de responsabilidade da Vale.
Leia também
Indenizações a vítimas de barragem já custaram R$ 2,8 bilhões à Vale
Vale vai ter que usar R$ 108 mi de multas em Brumadinho (MG)
Após luto, parentes de mortos em Brumadinho enfrentam depressão
Um ano após tragédia, rio Paraopeba segue contaminado
Buscas por vítimas de Brumadinho vão retornar após quase três meses
A dona de casa Dinalva Barbosa Leal reclama que da falta de água no local.
— Tem caixa d'água aqui que ainda nem instalada foi. Eles abastacem água potável quando querem e a água mineral foi cortada. Eles cortam a água para reduzir o pagamento de muitas pessoas e dizem que estão colocando filtro na cisterna, mandando o povo usar essa água.
A maioria dos moradores do residencial em São Joaquim de Bicas vive às margens do Rio Paraopeba, que era utilizado para o trabalho. Mas, desde o rompimento da barragem, isso não é mais possível. Com as atividades paralisadas em todo o Estado por causa da pandemia do coronavírus, eles alegam que não têm de onde tirar outra renda.
Resposta
Por meio de nota, a Vale informou que mais de 106 mil pessoas continuam sendo beneficiadas pelo auxílio-emergencial. A empresa disse que, no Residencial Fhemig, o abastecimento de água acontece diariamente, de forma regular, e que foram instaladas caixas d'água e tubulações para garantir o armazenamento e o transporte.
Apesar das reclamações dos moradores, a mineradora garantiu que está realizando diversos investimentos para apoiar o poder público na melhoria da infraestrutura e das condições de vida da população local.
O rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro de 2019, deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.
Veja mais:
*Estagiária do R7 sob a supervisão de Lucas Pavanelli