Após 6 anos de adoção, pais perdem guarda de filha para avó
Justiça determinou que uma criança de 8 anos passe a morar com a avó; menina foi adotada aos três anos de idade em Belo Horizonte
Minas Gerais|Kiuane Rodrigues, da Record TV Minas
Depois de seis anos convivendo com a família adotiva, uma criança que está prestes a completar nove anos de idade, voltará para a casa da avó paterna. A decisão do Tribunal de Justiça provocou indignação na família adotiva, que pede para que a Justiça pense na criança.
A mãe adotiva, que não será identificada nesta reportagem, disse que todo esse período foi desconsiderado pela decisão judicial.
— Tudo foi ignorado. O tempo de convivência, a qualidade da convivência entre nós e a nossa filha, a formação da personalidade. Ela vai fazer nove anos agora em janeiro.
![Criança voltará para casa da avó paterna](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/WYU6YKOHYFNXNL5K2LS6SBBV4A.jpg?auth=0e920be4f1ce3377f0b9cca6d9a1aabb865a729903783bf0bda4184e921c55a8&width=576&height=296)
O processo de adoção virou uma disputa judicial quando a avó paterna pediu a guarda da menina na Justiça. De acordo com a advogada da família adotiva, Larissa Jardim, o processo de adoção foi concluído.
— As crianças, muitas vezes, crescem nos abrigos e, como forma de remediar, o Judiciário encaminha essas crianças sem situação jurídica definitiva para a casa de uma família adotiva. Foi o que aconteceu nesse caso. A partir do momento que essa criança foi encaminhada para a adoção, a avó paterna começou a apresentar recursos requerendo a guarda dessa neta.
No mês passado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou que a criança fosse imediatamente devolvida à família biológica, permanecendo sob a guarda provisória da avó paterna.
De acordo com Larissa Jardim, não houve qualquer preparação ou apoio para essa nova fase.
— Não houve avaliação da atual condição dessa avó paterna e nem dos traumas que seriam gerados nessa criança, que são evidentes.
A menina não teve qualquer contato com a família biológica desde que foi adotada há seis anos.
Pai condenado por homicídio
Ainda segundo a advogada, a decisão ignorou todos os laudos emitidos na época em que a criança foi retirada do convívio da família biológica.
— Até os riscos da inclusão da criança nessa família foram desconsiderados. A todo o momento a avó alega que o interesse dela é obter a guarda da neta para entregar para o filho dela, que já foi condenado pelo homicídio do próprio pai e já foi destituído do poder familiar.
A advogada da família tentou anular a decisão, mas a Justiça negou o pedido. Agora, ela espera o julgamento de um recurso para reverter a situação.
— Essa decisão é totalmente absurda e ilegal. A família está abalada e não esperava esse tratamento do Judiciário. O mesmo Judiciário que entregou a filha a eles, agora, trata a criança como objeto e dizem que simplesmente tem que devolver a criança.
A família biológica preferiu não se manfiestar sobre o caso. Já o Tribunal de Justiça disse que o processo tramita em segredo de Justiça e não poderia comentar.